Data: 23/10/2009
Fonte: ANDES-SN
Opinião: PPP, capital sem risco e dívida pública
José Menezes Gomes*
A introdução das ferrovias no Brasil foi descrita como algo atribuído ao capital inglês. Todavia, a motivação desse processo não dependeu de nenhum risco a esses capitalistas, mas se devia a política de garantia de rentabilidade criada pelo governo imperial, que assegurava retorno de 7% ao ano aos capitalistas ingleses. Assim, a iniciativa privada entrava sem correr nenhum risco. Tal fato se repetiu em quase todos os países por onde se expandiam as ferrovias.
Nos anos 80, como o início da chamada ideologia neoliberal, se colocava que o Estado deveria sair da atividade produtiva e que deveria deixar a iniciativa privada atuar nas varias funções do Estado (saúde, educação, segurança, previdência, etc). Desde então, os gastos públicos se afastaram das chamadas políticas sociais para se concentrarem no pagamento da dívida pública e os serviços públicos foram mercantilizados. Ao mesmo tempo que o Estado se afastava dessas funções aumentava a carga tributária.
De 1999 a 2009 a carga tributária brasileira subiu de 29% do PIB para 37,5%. A crise capitalista explicitada em 2008 revelou a cortina de fumaça do chamado modelo neoliberal, enquanto somas gigantescas de US$ 10 trilhões foram destinados pelos principais bancos centrais para tentar conter os seus efeitos. Se durante muito tempo foi divulgado que os estados nacionais não tinham dinheiro para bancar as ditas funções sociais, de repente lançaram mão de recursos públicos especialmente para salvar os bancos e os demais rentistas, enquanto do outro lado continuaram pagando juros da dívida publica. A crise e seus efeitos criaram um gigantesco endividamento para os contribuintes.
Assim, o neoliberalismo entra em crise mas o que temos é o aprofundamento ainda das políticas neoliberais, com o resgate de propostas que estiveram presentes no inicio dessa política econômica dos rentistas. A intervenção estatal atual, para assegurar os lucros dos rentistas representa a maior parceria público privada da história, pois o estado estatizou o prejuízo privado onerando os contribuintes ainda mais com a elevação da dívida publica.
O caso peculiar é o retorno da proposta da parceria público privada no maranhão como a última saída para a retomada do desenvolvimento. O Estado do Maranhão tem no orçamento de 2009 a previsão de pagamento do serviço da dívida pública R$ 800 milhões, soma bem superior ao previsto para gastos com a educação. De um lado o Estado banca uma soma exorbitante para garantir os lucros dos rentistas. Do outro se ausenta dos gastos essenciais. Por último tenta introduzir algo que vai penalizar ainda mais o contribuinte, seja diretamente devido à cobrança de tarifas, ou indiretamente com o aumento da dívida pública para remuneração desse empreendimento, com a garantia de rentabilidade.
Parte das empresas que atuam na prestação de serviços públicos privatizados são as mesmas que durante muito tempo foram contratadas pelo Estado para construção e manutenção de rodovias, quando eram acusadas de oferecer rodovias de baixa qualidade. Serão essas mesmas as beneficiarias dos recursos dos bancos estatais e da garantia de rentabilidade? É bom lembrar que essas empresas já atuam em vários outros setores ex-estatais como na telefonia, petroquímico, eletricidade. Se o governo tem dinheiro para financiar esses empreendimentos e garantir sua rentabilidade por que não tem para fazer diretamente e não cobrar tarifa? A PPP é boa apenas para o setor empresarial que vai atuar na construção e na gestão desses serviços, sem nenhum risco. Para os demais empresários tal fato vai representar um custo a mais devido a cobrança de tarifas. O Estado do Maranhão já tem a energia elétrica mais cara do Brasil devido ao processo de privatização.
* Doutor pela USP e Professor do Departamento de economia e do Programa de Pós graduação em Políticas Publicas da UFMA.
Fonte: ANDES-SN http://www.andes.org.br/imprensa/ultimas/contatoview.asp?key=6189
VER também Timothy Irwin, How to manage Government Guarantees
PPP Lusofonia é um blog de economia e finanças, focado nos serviços públicos e no investimento para o desenvolvimento, e nas PPP. O blog dedica-se a (a) conceitos de economia, finanças e banca (b) às necessidades dos PALOPs e (c)oportunidades de consultoria nos PALOPs, com artigos em português ou inglês. PLEASE USE THE TRANSLATE BUTTON. PPPs, development financing in Lusophone Countries Autora: Mariana ABRANTES de Sousa
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The attraction of PFPs for Gordon Brown and the Labour government since 1997 has been that PFI investment has not generally appeared in the total of public sector debt. Brown's upper target for public sector debt to national income was 40%, ridiculously low by international standards. PFPs enabled the government to hide much of the repayment liabilities and, until the crisis, get under the 40% target.
ResponderEliminarWe have already seen that the future annual payments due on PFPs amount to more than £200bn. At a conservative estimate, at least half of this is an excess cost attributable to private finance. But, again, you will not find this hard data in the committee's main report.
The most fundamental of EURO-insconsistencies is the persistent mispricing of risk, with interest rates still too low to promote domestic savings.
ResponderEliminarEven with if export sectors manage to revive, it's essential to boost domestic savings by paying more than microscopic interest rates. The week that Portuguese 10-year bonds yielded more than 7% to international bondholders, local investors had to make do with 0,5% on 1-year bank deposits.
That's not a yield curve, that's a gross market distortion.