É curioso ouvir dizer em campanha eleitoral que desvalorizar a moeda é uma "batota", como fizemos em crises de endividamento anteriores. Mesmo na actual crise da Eurozone, não consta que tenha havido "batota" com as fortes desvalorizações na Islândia, no Reino Unido ou na Suécia em 2008-9.
Afinal, a desvalorização cambial é um instrumento de ajustamento económico clássico, bem conhecido e bem provado em todo o mundo. E a importância dos câmbios flutuantes para o pleno emprego é ensinada em qualquer cadeira de macro economia, pois geralmente quando "a taxa cambial desce, sobe o nível de rendimento compatível com o equilibrio externo" (Alfredo de Sousa, 1988 Analíse Economica, 2ªed, pg 536).
O próprio mercado financeiro se encarrega de impor a desvalorização cambial aos países deficitários, a fim de ajustar os preços relativos, tornando as importações mais caras e as exportações mais baratas. De facto, é geralmente mais "fácil desvalorizar a moeda do que reduzir salários e pensões", a dita desvalorização interna, porque o ajuste de preços relativos é generalizado e o risco cambial é bastante previsível. Em termos de equidade, uma desvalorização externa é quase sempre preferível a uma desvalorização interna porque permite partilhar o custo o ajustamento externo com os parceiros comerciais superavitários que passam a exportar menos e a importar mais.
O que torna esta crise de balança de pagamentos diferente das outras, das quais Portugal têve demais, é a rigidez das normas do Mercado e da Moeda Única que têm consequências muito mais graves do que a "inconstitucionalidade" de cortar rendimentos, deixando o país manietado (shackled diz Krugman) perante o descalabro das contas externas e a perda de competitividade.
O gráfico 4 do Relatório Anual de 2012 do Banco de Portugal mostra claramente o que mudou depois do Euro, comparando com anteriores ajustamentos baseados em Programas de Assistência Financeira.
A taxa de câmbio efectiva nominal manteve-se desta vez, mas as exportações cresceram pouco, o desemprego disparou, e o consumo e o PIB caíram muito mais. Da dívida externa nem é bom falar.
Pode concluir-se que sem a "batota" da desvalorização que era a o elemento central dos programas de ajustamento anteriores, tem menos batatas na mesa.
Recorrendo a outro ditado tradicional, pode dizer-se que a politica cambial foi "chão que deu uvas".
Mariana Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia
Fonte: Económico-Não vamos escolher o próximo primeiro-ministro nestas eleições”
Fonte: http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/RelatorioAnual/Publicacoes/RA_12_p.pdf
Afinal, a desvalorização cambial é um instrumento de ajustamento económico clássico, bem conhecido e bem provado em todo o mundo. E a importância dos câmbios flutuantes para o pleno emprego é ensinada em qualquer cadeira de macro economia, pois geralmente quando "a taxa cambial desce, sobe o nível de rendimento compatível com o equilibrio externo" (Alfredo de Sousa, 1988 Analíse Economica, 2ªed, pg 536).
O próprio mercado financeiro se encarrega de impor a desvalorização cambial aos países deficitários, a fim de ajustar os preços relativos, tornando as importações mais caras e as exportações mais baratas. De facto, é geralmente mais "fácil desvalorizar a moeda do que reduzir salários e pensões", a dita desvalorização interna, porque o ajuste de preços relativos é generalizado e o risco cambial é bastante previsível. Em termos de equidade, uma desvalorização externa é quase sempre preferível a uma desvalorização interna porque permite partilhar o custo o ajustamento externo com os parceiros comerciais superavitários que passam a exportar menos e a importar mais.
O que torna esta crise de balança de pagamentos diferente das outras, das quais Portugal têve demais, é a rigidez das normas do Mercado e da Moeda Única que têm consequências muito mais graves do que a "inconstitucionalidade" de cortar rendimentos, deixando o país manietado (shackled diz Krugman) perante o descalabro das contas externas e a perda de competitividade.
O gráfico 4 do Relatório Anual de 2012 do Banco de Portugal mostra claramente o que mudou depois do Euro, comparando com anteriores ajustamentos baseados em Programas de Assistência Financeira.
A taxa de câmbio efectiva nominal manteve-se desta vez, mas as exportações cresceram pouco, o desemprego disparou, e o consumo e o PIB caíram muito mais. Da dívida externa nem é bom falar.
Pode concluir-se que sem a "batota" da desvalorização que era a o elemento central dos programas de ajustamento anteriores, tem menos batatas na mesa.
Recorrendo a outro ditado tradicional, pode dizer-se que a politica cambial foi "chão que deu uvas".
Mariana Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia
Fonte: Económico-Não vamos escolher o próximo primeiro-ministro nestas eleições”
O primeiro-ministro foi explicar por que razão a Europa foi importante para Portugal e lembrar que hoje não existe a "batota" de desvalorizar a moeda, como em ...
Fonte: http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/RelatorioAnual/Publicacoes/RA_12_p.pdf
Uns deixam-se capturar pelos empreiteiros
ResponderEliminarOutros deixam-se capturar pelos credores
Muito bom. Grande "like"
ResponderEliminarExcelente síntese
ResponderEliminarO BdP analisa o saldo das Balanças Correntes e de Capital, quando o que importa mesmo para o PIB e para o endividamento externo é o saldo da Balança de Transacções Correntes da Balança de Pagamentos.
ResponderEliminarAndam distraídos.
Destruição de emprego em Portugal na última década sem paralelo na EU
ResponderEliminarSó agora a UE passou a apoiar o emprego jovem
Alguns programas:
- contratos zero horas, RU
- contratos mini-jobs, Alemanha
- desregulação do emprego jovem, França
Portugal está com emigração liquida de 130.000/ano