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sexta-feira, novembro 23, 2012

Quando a austeridade é irresponsável


O orçamento europeu é muito pequeno relativamente ao PIB europeu, não é suficiente para servir de estímulo à economia europeia.  E 40% é absorvido pela  PAC, política agrícola comum, cujo objectivo de tornar a Europa  auto-suficiente neste sector falhou redondamente. Portugal, pelo exemplo,  é o maior importador de alimentos per capita.

 Não deixa margem para dúvidas quando pesquisa no Google por "orçamento europeu 2014-20" apresenta  artigos do  Farmers  Weekly bem à frente dos artigos  do FT, The Economist ou Der Spiegel.  Isto só reflete a realidade desde sempre:  a agricultura é realmente o único setor com uma verdadeira "política europeia".

Mas a actual conjuntura exige que se faça bastante mais  a nível europeu , a fim de cumprir as ambições da Estratégia Europa 2020 e  de relançar a União no caminho do crescimento econômico e da convergência.
Porque  a recente divergência entre os países membros do Mercado Único e da moeda única não é apenas insustentável, é perigosa. E nós não podemos contar com expansão económica da Alemanha, já que esse país está tão obcecado  em  equilibrar o seu orçamento e tão limitado pelo "travão de dívida" consagrado na Constituição alemã. Mesmo a poupança de juros de mais de 2,5 biliões de euros em 2013, graças à queda das taxas de juro locais, será aforrado.


Que a Alemanha tente equilibrar o seu orçamento, mesmo quando está a gozar de uma onda econômica e em face da contração nos seus parceiros comerciais manietados pelos normas da Eurozoen não é apenas uma política economica  erradas, é política irresponsável.

Não é que  nós dos países devedores não admiremos a persistência alemã de querer viver sem o pesado fardo da dívida. Nós também queremos  levantar as nossas cabeças acima da linha água.  Simplesmente tememos não sobreviver até poder desfrutar esse dia distante, quando o sonho de libertação financeira se possa transformar em realidade.

E isso não vai acontecer sem uma boa  ajuda dos nossos credores. Tem sido feito antes, ele terá que ser feito novamente.

Na ausência de expansão direta dos países credores, o orçamento europeu terá que trabalhar o dobro. É por isso que o orçamento da UE de € 1 trilhão, menos de 2% dos gastos públicos dos países membros, não deve continuar a ser a reserva coutada de agricultores franceses ou de parlamentares britânicos. Quanto tempo mais vai a UE continuar a gastar cerca de 40% de seu escasso orçamento num único sector como a agricultura, com benefícios concentrados em um ou dois países?

E devemos lembrar que os países credores que mais contribuiram para a bolha de crédito da Zona Euro são dos que mais têm beneficiado com o programa de ajustamento e os  programas de assistência externa. Os maiores credores d  em 2010 eram Alemanha, Reino Unido e França, nesta ordem. Os bancos britânicos, em particular, deveriam estar bem agradecidos pelo intervenção do BCE a fornecer  liquidez aos  mutuários para irem reembolsando a divida à medida que vai vencendo.  Se os países credores não quiseram fazer a sua parte para apoiar as instituições da UE, terão que ajudar os seus bancos a absorver as imparidades de crédito sem o  BCE. Estima-se que até mesmo uma parcial "anulação da dívida  da Grécia poderia custar aos contribuintes  alemães  até 20 bilhões de euros em custos additonal".
Farmers Weekly InteractiveNão há almoços grátis, não há crédito sem risco.

Mariana Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia


When austerity is irresponsible 
It is indeed telling when a Google search for  "European Budget 2014-20" turns up articles in the Farmers Weekly well ahead of those of the FT, The Economist or Der Spiegel.
That is the way it has been for decades now,  agriculture is really the only sector with a truly "European policy".

But more will need to be done at the European level in the future,  in order to fulfill the high ambitions of the Europe 2020 Strategy and to relaunch the Union on the path of economic growth and convergence.
Because the recent path of divergence among the member countries of the Single Market and of the Single currency is not just unsustainable, it is dangerous.  And we can't count on Germany to expand domestic demand, since it is so obsessed with balancing its budget and  bound by the "debt brake"  enshrined in the German constitution. Even the savings in interest payments of more than 2.5 billion euros  in 2013,  thanks to the falling local interest rates, will be socked away.

For Germany to seek to balance its budget even as it rides the economic wave and in the face of the severe contraction afflicting its  hamstrung Eurozone trading partners is not just wrong economics, it is irresponsible politics.

Not that those of us in the borrowing countries  don't admire the German drive to live without the heavy burden of debt.  We too want  to hold our heads above water.  We simply fear that we might not survive to enjoy that far-off day when the dream of financial freedom might  turn to reality.

And it will not happen without more than a little help from our creditors.  It has been done before, it will need to be done again.

In the absence of direct help from the creditor countries, the European Budget will have to do double duty.  That's why the EU Budget  of €1 trillion, less than 2% of the public spending of the  member countries,  must not remain the private  preserve of French farmers and British back benchers  How much longer should the EU continue to spend around 40% of its budget on agriculture with benefits concentrated in one or two countries?

And we should recall which creditor countries contributed the most to the Eurozone credit bubble, and thus have benefited the most from the adjustment and assistance programs.  The biggest creditors in 2010 were, Germany, United Kingdom and France in that order.  British banks, in particular, have good reason to be grateful for the external and liquidity assistance provided to their borrowers by the Eurozone taxpayers.  If the creditor countries don't want to do their share to support the EU institutions  they should try to absorb the loan impairments without the ECB.  It is estimated that even  a partial  "debt write-off for Greece could burden German taxpayers with up to 20 billion euros in additonal costs".
There are no free lunches. There is no risk-less credit. 

Source:  Um orçamento para o relançamento económico
http://economico.sapo.pt/noticias/um-orcamento-para-o-relancamento-economico_156876.html, http://www.fwi.co.uk/Articles/22/11/2012/136381/Crunch-time-for-EU-budget-talks.htm
and http://www.dw.de/german-budget-2013-stepping-on-the-debt-break/a-16394531
and   http://www.dw.de/german-budget-2013-stepping-on-the-debt-break/a-16394531
Agreement on German debt
Testing the Limits of Divergence within the Eurozone 


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