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terça-feira, março 06, 2012

Alvaro incomoda muita gente


Sendo eu própria estrangeirada, ainda que retornada há mais tempo, tenho observado os comentários ao comportamento desalinhado do Ministro Álvaro Santos Pereira com alguma curiosidade. 
Num país conformista, há pouco apreço e menos tolerância pela diferença. 

Mas talvez valesse a pena reflectir que as visões e opiniões diferentes podem trazer muito valor acrescentado, especialmente considerando a terrível situação a que Portugal chegou.  
Precisamos certamente de ideias e abordagens frescas para mudar de rumo.  Se continuarmos a fazer tudo da mesma maneira como no passado, vamos certamente continuar a sofrer os mesmos resultados penosos, que nos custarão ainda mais agora que já não temos o crédito fácil para compensar.  

Como responsável do super-ministério da Economia, Obras Públicas, Trabalho e Comunicações, Alvaro Santos Pereira precisa tanto de criatividade como de força politica para dar a volta a alguns dos problemas mais graves e a desinstalar alguns dos interesses mais ferrenhos. 

Se um ministro incomoda muita gente, um super-ministro incomoda muito mais.  Haverá muitos  interesses nos sectores de energia, de transportes,  das  PPP e dos sindicatos prontos a explorar a natural tensão entre as Finanças e as outras Tutelas, e até os ponta-pés na gramática, para o afastar e assim descarrilar os processos de reforma em curso, pelo menos por algum tempo.    

Só que as reformas dos sectores sob tutela do super-ministério são imprescindíveis e inadiáveis.  Foi a Troika que diagnosticou as falhas de regulação, desde o mercado laboral, à energia, aos transportes e às PPP, e que aponta as reformas necessárias para acabar com a captura dos reguladores e dos concedentes.  Quanto mais tempo perdermos nestes conflitos artificiais,  menos tempo haverá para negociar e implementar  as medidas prementes e mais duro será o ajustamento. 

Mariana ABRANTES de Sousa 
PPP Lusofonia

13 comentários:

  1. tomo a liberdade de perguntar-lhe o que pensa disto:
    “A Iniciativa Cidadã de Auditoria à Dívida Pública (IAC) levantou hoje dúvidas sobre a escolha da consultora Ernst & Young para a realização de uma auditoria a 36 parcerias público-privadas (PPP) e 24 concessões, considerando existir um “flagrante conflito de interesses” na adjudicação da análise à consultora. A Ernst & Young não comenta (…) A IAC, que exige que seja feita uma auditoria “em condições de isenção e de independência”, refere num comunicado hoje emitido que a Ernst & Young presta serviços a empresas que “estão envolvidas, entre outras, nos consórcios da Lusoponte, Auto-Estradas do Atlântico, Auto-Estradas Túnel do Marão, Hospital de Braga e Hospital de Vila Franca, Barragens de Gouvães, Alto Tâmega, Daivões e Girabolhos.”, no Público online.

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  2. "reformas necessárias para acabar com a captura dos reguladores e dos concedentes"??? Ingenua ilusão... pois se o governo está capturado... basta ver o comentário anterior.. aliás, a capturada Erse teve agora a oportunidade de capturar a secretaria de estado da energia... por distracção estava lá um "não capturado", problema prontamente corrigido.

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  3. A auditoria à Divida Pública directa e indirecta é importante e urgente.

    Muita dívida foi assumida sem qualquer beneficio para o cidadão.

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  4. "Name and shame" já é fazer alguma coisa.

    Vamos lá fazer uma lista dos organismos capturados e do grau de captura.

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  5. Agora que já tenho direito a desconto nos transportes públicos em alguns países, é um elogio ser considerada ingénua!

    Ingenuidade seria pensar que não há alternativa.

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  6. falhou o escrutínio dos eleitorados e das elites sobre a sustentabilidade das políticas públicas

    http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=544021

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  7. A Iniciativa Cidadã de Auditoria à Dívida Pública (IAC) parece-me de grande importância aumentar a transparência e escrutínio.

    Quanto à selecção da Ernst & Young para realizar a auditoria às PPPs, eu devo fazer uma declaração de interesse, uma vez que participei no concurso com a PKF.

    Em qualquer caso, é lamentável que a própria Administração Pública não tenha capacidade de determinar com exactidão e ponderação quais os riscos e encargos do Concedente e dos contribuintes com os contratos de PPP e concessões

    Mariana Abrantes de Sousa
    ex-Controladora Financeira do MOPTC e MdS

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  8. Henrique Gomes, secretário de Estado da Energia, foi sacrificado para proteder interesses de produtores de energia

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  9. António Mexia como presidente da EDP "demitiu" o ex-Secretário de Estado de Energia?

    Salvou-se o super-ministro, sacrificou-se o secretário de Estado não-capturado

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  10. Abriu a época de caça, para manter o Estado capturado

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  11. O discurso que o Secretário de Estado de Energia não proferiu
    pode ler-se em
    http://files.dinheirovivo.pt/01/discurso-henrique-gomes.pdf

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  12. Só se atiram pedras às àrvores que dão fruto

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