A vitória do primeiro ministro Papandreou na moção de confiança no Parlamento no dia 4-Novembro-2011 pode dar um novo significado à clássica frase vitória pirrica, um vez que ele é visto como parte do problema e não parte da solução. Há vitórias que custam tão caro que trazem dentro de si a derrota.
Quando a situação financeira de um mutuário se degrada desta forma, é quase sempre necessário mudar a equipa de gestão. (Ver debt workout 101). Por um lado, o gestor incumbente fica desorientado, não quer admitir o erro, continua a negar e subestimar as consequências, nem sequer compreende a dimensão do problema. Por outro lado, os credores sobem a parada, chegando rapidamente à conclusão que os responsáveis pela crise não têm credibilidade para gerir no novo contexto de austeridade.
Votando com o seu dinheiro, voto dos credores ou até os votos dos depositantes, pesam mais que os votos dos deputados dóceis.
Por isso um governo novo pode ser uma condição essencial, ainda que não suficiente, para começar a tirar um país com a Gréciaa da crise.
Outra curiosidade é a diferença nos comentários que aparecem na televisão dos dois lados do Atlântico:
- Os analistas americanos falam de "crise bancária europeia" e da urgência em recapitalizar os bancos
- Os analistas europeus falam da "crise da dívida grega" e da urgência em apertar ainda mais os cintos em Atenas.
Considerando a experiencia de crises de divida externa noutros tempos e noutras latitudes, a crise da divida externa grega incial há muito que foi ultrapassa pela "crise bancária", de acordo com o velho ditado:
"Se deves 100.000 ao banco e não podes pagar, TU tens um grave problema.
Se deves 1.000.000 ao banco e não podes pagar, o BANCO tem um grave problema"
Nesta fase da crise do sobre-endividamento externo, será muito mais importante recapitalizar a banca europeia e internacional e promover a poupança e estabilizar o funding a doméstico do que reduzir ainda mais os salários na Grécia e nos outros países devedores.
Recordando outro provérbio financeiro: "não podes arrancar sangue a uma pedra" (you can't get blood from a stone).
Outros analistas como Paul de Grauwe recomendam (ver artigo no Expresso) que o ECB-Banco Central Europeu aumente ainda mais as suas intervenções de liquidez "para salvar o Euro", outra medida que vai certamente revelar-se insuficiente.
A recapitalização da banca e o aumento das intervenções de liquidez são medidas essenciais para salvar a banca europeia e internacional que emprestou demais aos países sobre-endividados e agora se vê a braços com activos mal parados. Assim os credores podem participar no perdão de dívida que é essencial para ajudar os devedores a recuperar algum fôlego económico.
Mas, para salvar o Euro é necessário re-equilibrar a competitividade entre os países da Eurozone.
É necessário cortar as importações gregas e portuguesas o que implica cortar as exportações alemãs e francesas.
Não haverá saída da crise de balança de pagamentos se não houver redução dos défices E dos superavites comerciais dentro da Eurozone.
E nesta capítulo, ainda não se vislumbram medidas praticamente nenhumas, pois o diagnóstico e o receituário da Troika continuam equivocados, focando o defice interno em vez atacar o défice externo, tentando corrigir a má governação dos devedores em vez de eliminar as praticas de crédito fácil, para não dizer predador, dos credores.
Mariana Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia, PORTUGAL
VER Workout 101 - Games borrowers and lenders play
Games ...3 orderly default http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and_13.html
Games ... 2 http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and_09.html
Games... 1 http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and.html
Coisas que não lembram à Troika http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/08/coisas-que-nao-lembram-troika.html
Quando a situação financeira de um mutuário se degrada desta forma, é quase sempre necessário mudar a equipa de gestão. (Ver debt workout 101). Por um lado, o gestor incumbente fica desorientado, não quer admitir o erro, continua a negar e subestimar as consequências, nem sequer compreende a dimensão do problema. Por outro lado, os credores sobem a parada, chegando rapidamente à conclusão que os responsáveis pela crise não têm credibilidade para gerir no novo contexto de austeridade.
Votando com o seu dinheiro, voto dos credores ou até os votos dos depositantes, pesam mais que os votos dos deputados dóceis.
Por isso um governo novo pode ser uma condição essencial, ainda que não suficiente, para começar a tirar um país com a Gréciaa da crise.
Outra curiosidade é a diferença nos comentários que aparecem na televisão dos dois lados do Atlântico:
- Os analistas americanos falam de "crise bancária europeia" e da urgência em recapitalizar os bancos
- Os analistas europeus falam da "crise da dívida grega" e da urgência em apertar ainda mais os cintos em Atenas.
Considerando a experiencia de crises de divida externa noutros tempos e noutras latitudes, a crise da divida externa grega incial há muito que foi ultrapassa pela "crise bancária", de acordo com o velho ditado:
"Se deves 100.000 ao banco e não podes pagar, TU tens um grave problema.
Se deves 1.000.000 ao banco e não podes pagar, o BANCO tem um grave problema"
Nesta fase da crise do sobre-endividamento externo, será muito mais importante recapitalizar a banca europeia e internacional e promover a poupança e estabilizar o funding a doméstico do que reduzir ainda mais os salários na Grécia e nos outros países devedores.
Recordando outro provérbio financeiro: "não podes arrancar sangue a uma pedra" (you can't get blood from a stone).
Outros analistas como Paul de Grauwe recomendam (ver artigo no Expresso) que o ECB-Banco Central Europeu aumente ainda mais as suas intervenções de liquidez "para salvar o Euro", outra medida que vai certamente revelar-se insuficiente.
A recapitalização da banca e o aumento das intervenções de liquidez são medidas essenciais para salvar a banca europeia e internacional que emprestou demais aos países sobre-endividados e agora se vê a braços com activos mal parados. Assim os credores podem participar no perdão de dívida que é essencial para ajudar os devedores a recuperar algum fôlego económico.
Mas, para salvar o Euro é necessário re-equilibrar a competitividade entre os países da Eurozone.
É necessário cortar as importações gregas e portuguesas o que implica cortar as exportações alemãs e francesas.
Não haverá saída da crise de balança de pagamentos se não houver redução dos défices E dos superavites comerciais dentro da Eurozone.
E nesta capítulo, ainda não se vislumbram medidas praticamente nenhumas, pois o diagnóstico e o receituário da Troika continuam equivocados, focando o defice interno em vez atacar o défice externo, tentando corrigir a má governação dos devedores em vez de eliminar as praticas de crédito fácil, para não dizer predador, dos credores.
Mariana Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia, PORTUGAL
VER Workout 101 - Games borrowers and lenders play
Games ...3 orderly default http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and_13.html
Games ... 2 http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and_09.html
Games... 1 http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/09/debt-workout-101-games-borrowers-and.html
Coisas que não lembram à Troika http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/08/coisas-que-nao-lembram-troika.html
Em vez de trazer folhetos a promover mais quinquilharia importada, o Expresso desta semana traz um folheto a promover a poupança.
ResponderEliminarGRANDE PROGRESSO!
Falta proteger e remunerar adequadamente os aforradores.
You can't get blood from a turnip, no matter how hard you squeeze
ResponderEliminarhttp://www.bankruptcyhome.com/bankruptcyblog/2011/06/03/you-cant-get-blood-out-of-a-turnip/
Dizia Walter Wriston há 25 anos que os "países não vão à falência", uma ideia que infelizmente se revelou errada.
ResponderEliminarMas os bancos vão à falência muito mais depressa. Os bancos nem precisam de estar insolventes para serem abanados por uma forte crise de liquidez, uma corrida aos depósitos.
Se os países são como um triciclo que desanda, ou que anda para trás mas se mantém de pé, os bancos são como uma bicicleta: quando caiem, caiem de lado.
When the debt burden is execessive, and the creditors are too demanding, it's a short step from CAN'T PAY to WON'T PAY.
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