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quarta-feira, janeiro 07, 2015

O bacalhau, fiel amigo dos...noruegueses

Talvez não fosse mau que os portugueses mudassem alguns hábitos.

Pelo menos, do ponto de vista económico, seria bom que deixássemos de lado o famoso “fiel amigo”. Fiel amigo da carteira dos noruegueses, que não brincam em serviço e nos colocam à mesa o bacalhau da aquacultura nas águas frias da Noruega.
E nós a pensarmos que comemos bacalhau pescado no mar alto do Atlântico Norte (Terra Nova, Gronelândia, Noruega, etc). Santa ilusão.

Os noruegueses conhecem bem (estudam ao pormenor) os gostos dos portugueses e sabem que comemos 1 000 toneladas (um milhão de quilos) de bacalhau só na noite da consoada.
Compramos à Noruega cerca de 50 000 toneladas de bacalhau por ano, representando isso 70% do bacalhau que consumimos, segundo o Conselho
Norueguês das Pescas (Norge).

“Já processado”, é só cozer e por no prato. Assim vai a nossa dependência alimentar . Se a Noruega nos quiser por “a pão e laranja” é só decretar um embargo (os embargos até estão, outra vez, na moda, que o digam os russos) à sua exportação de bacalhau para a nossa noite da consoada. Gostava de ver... Sem bacalhau (importado) que seria de nós?

Porque não optar pelo polvo?

Resultado de imagem para polvoPara a noite da consoada, as famílias portuguesas também gostam de peru (3%) e de polvo (7%), segundo artigo da Lusa (18.12.2014).

Ora aí está uma alternativa muito mais saudável do ponto de vista económico. Consumir polvo, pois claro. Seria, talvez, um bom aproveitamento  da nossa fantástica Zona Económica Exclusiva (ZEE).

Aproveitar essa ZEE para pescar polvo, não só para a mesa dos portugueses, mas para a mesa de todos os europeus (exportávamos peixe em vez de o importar).

Afinal que proveito estamos a tirar dos 1,7 milhões de km2 (quilómetros quadrados) da nossa ZEE (fala-se que pode ir para 4 milhões), 18 vezes o nosso território emerso (continente e ilhas), a 3ª maior da Europa e a 11ª do mundo? (ver Wikipédia). Sim.  Que proveito estamos a tirar desta formidável dádiva da natureza ( e da ONU) que nos poderia permitir ser um país fornecedor mundial de peixe em vez de sermos um grande importador de peixe, como acontece hoje e desde há muito?

Segundo o INE a nossa dependência alimentar é principalmente de cereais e de peixe congelado, seco e salgado. Parece mentira mas não é, infelizmente.

Como é possível dispormos de uma das maiores ZEE marítimas do mundo, particularmente graças aos Açores e à Madeira, e sermos grandes importadores líquidos de peixe?

Somos grandes consumidores de peixe. Estamos em 3º lugar no mundo, logo atrás dos japoneses e dos islandeses. Isso, em si, não tem mal nenhum, a não ser ficarmos tão dependentes do exterior em bens alimentares, onde poderíamos ser exportadores líquidos.

Para isso, mudar de hábitos alimentares e aproveitar muito melhor os recursos sobre os quais temos jurisdição, poderia dar uma grande ajuda para o país e para o  nosso futuro coletivo.


António Abrantes

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