Tradutor

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Ou exportamos mais bens e serviços...ou exportamos pessoas


Mariana Abrantes de Sousa, economista e consultora financeira, avisa que o desafio principal para Portugal é conseguir vingar no mercado exportador: "Ou exportamos mais bens e serviços… ou exportamos pessoas", avisa. ~
“Em Portugal, acho que a economia ainda não tocou fundo, a austeridade ainda não teve o efeito suficiente. Tivemos mais um “Natal importado” [financiado com a venda da EDP] e ainda vai ser necessário cortar mais no consumo, especialmente de “artigos importados”, analisa, considerando que: “Falta trabalhar mais para a exportação a fim de aumentar a taxa de cobertura e reduzir o défice da BTC – balança de transacções correntes”.

A economia americana tem conseguido desalavancar (as empresas e as famílias) e recapitalizar (os bancos).   As famílias americanas conseguem livrar-se do sobreendividamento com processos de bancarrota pessoal ou “short sale” (dação em pagamento das casas aos bancos, quando valem menos que o saldo em dívida do crédito hipotecário). Os custos da saúde continuam a ser o maior flagelo dos americanos, pior do que o desemprego. Acho que a economia americana está pronta para continuar a crescer, e 2012 é um ano de eleições, mas ainda está a importar muito.  
 
A economia europeia ainda mal começou a fazer o ajustamento necessário, a divergência entre os países exportadores (Alemanha e Holanda) e o resto da Europa  ainda parece imparável, é insustentável. Quanto maior forem os desequilíbrios dos saldos comerciais intra-Eurozone, pior.   
 
Em Portugal, acho que a economia ainda não tocou fundo, a austeridade ainda não teve o efeito  suficiente. Tivemos mais um “Natal importado” [financiado com a venda da EDP] e ainda vai ser necessário cortar mais no consumo, especialmente de “artigos importados”.  Falta trabalhar mais para a exportação a fim de aumentar a taxa de cobertura e reduzir o défice da BTC – balança de transacções correntes. Também falta fazer mais para promover a poupança.

A outra grande prioridade para Portugal é mesmo renegociar a dívida externa, alargando prazos e reduzindo taxas de juro, partilhando o sacrifício com os nossos credores.  Veja-se que a venda da participação na EDP aos chineses apenas vai dar para financiar o défice comercial Portugal-China por dois anos.

A Administração Pública, as empresas e as famílias têm que desalavancar, reduzir dívida e aumentar a eficiência e a poupança.

Mais que nada, Portugal tem que trabalhar para a exportação e para melhorar a balança comercial.  Isto implica uma reorientação das empresas, do crédito bancário, mas também do resto da sociedade, incluindo, por exemplo, o ensino obrigatório do alemão em todas as escolas secundárias públicas.

No poupar (e no exportar) é que está o ganho. 
Ou exportamos mais bens e serviços… ou exportamos pessoas.


http://comunidade.xl.pt/JNegocios/blogs/massamonetaria/archive/2012/01/06/2012-segundo-pedro-cassiano-santos-e-mariana-abrantes-de-sousa.aspx
Ver também http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/12/se-o-pai-natal-fosse-chines.html
http://ppplusofonia.blogspot.com/2011/12/eurozone-crisis-tests-limits-of.html

4 comentários:

  1. Esta orientação para a exportação é difícil, mas imprescindível.

    O mercado doméstico está em queda e definitivamente saturado. A contracção da procura doméstica não suporta mais oferta.

    Alguns desempregados viram-se para o auto-emprego no comércio ou nos pequenos serviços, o que em muitos casos é uma estratégia condenada.

    Veja-se que quando abre o segundo café numa praceta, às vezes acaba por fechar o primeiro que já lá estava há anos.

    ResponderEliminar
  2. Se vamos exportar pessoas, onde estão as aulas de alemão e francês nas escolas secundárias públicas para facilitar a mobilidade da força de trabalho?
    Para que os emigrantes portugueses não fiquem limitados a lavar pratos nos países de acolhimento.

    Quantos municípios oferecem aulas de alemão, o nosso principal parceiro comercial, nas escolas secundárias?

    ResponderEliminar
  3. More than 10.000 Portuguese job seekers have sent to CVs to the German town of Schwäbisch Hall in the southern German state of Baden-Württemberg.

    Two drivers, a painter and two hotel workers have found jobs so far.
    But as other applications are processed, many people's hopes will turn to disappointment.

    ResponderEliminar
  4. Der Spiegel tem duas histórias sobre emigrantes lusófonos na Alemanha:

    10.000 portugueses enviaram CV para a cidade de Schwäbisch Hall

    Um emigrante Moçambicano foi obrigado a trocar Schwedt, uma cidade de leste com 15% de desemprego por Karlrhue.
    Será que o racismo e xenofobia estão correlacionados com o desemprego?

    ResponderEliminar