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quinta-feira, junho 18, 2015

Debt workout 201 - o que tem de ser tem muita força

Diz o povo que o "que tem de ser tem muita força", e um credor falido e insolvente desde antes de 2009 pode entrar em default em qualquer momento, quer os credores gostem quer não.

Os credores imprudentes, que não fizeram o trabalho de casa no devido momento, que não questionaram a gestão de finanças públicas, nem os programas de pensões, nem a prestações de contas da Grécia quando estavam a desembolsar, e até a ajudaram  a esconder a divida grega no tempo da bolha de crédito, querem agora que outros credores continuem a ajudar a Grécia a pagar a divida insustentável.

Isto é conhecido na gíria de contencioso (workout) como a estratégia de procurar o "greater fool", um credor mais novo e ainda mais imprudente que venha a substituir o credor imprudente inicial.

E o devedor ? Esse acumula divida ad eternum.

Uma das poucas formas que um devedor tem de forçar os credores a negociarem e aceitarem uma redução da dívida incomportável que ajudaram a acumular, é de suspenderem pagamentos, é uma das tácticas que vêm nos livros.

Como devedor insolvente, o actual governo grego tem visão, tem bons instintos negociais, tem a coragem que falta a outros devedores, mas tem pouca experiência, desgastando-se em batalhas perdidas.  Os credores imprudentes têm quase todas as armas do seu lado, inclusive uma comunicação social e imprensa financeira pouco isenta, pouco perspicaz e pouco dada a análises de fundo, que prefere citar (o absurdismo de) Kafka em vez (dos desequilíbrios de externos) de Kindleberger.

O ataque to actual governo grego à actuação do FMI é um bom exemplo de uma iniciativa correcta na intenção, mas errada na execução.

O habitual contributo do FMI nas crises de endividamento externo consiste em apoiar a aplicação de um receituário clássico de medidas conjunturais e de reformas estruturais concedendo crédito de emergência, ficando com preferência no reembolso, o  que permite reembolsar alguns dos credores originais e pagar importações essenciais como medicamentos, alimentos, etc.  Ao ajudar a definir  um "processo de ajustamento em curso", o apoio do FMI serve também para dar um sinal positivo ao resto dos credores.

O problema é que o "receituário clássico do FMI" não se pode aplicar a países sem moeda própria, como são os membros da Eurozone.  Fazer um programa de ajustamento de desequilíbrios externos sem uma desvalorização externa (multilateral) é como tentar fazer uma omelete sem ovos.  A receita alternativa para um "ajustamento externo em regime de Moeda Única" consiste num forte "desvalorização interna" (unilateral) , com aumentos brutais da carga fiscal, cortes nos salários, cortes nas pensões, cortes nas prestações sociais, o que tem impactos sociais muito negativos e desiguais.  A experiência mostra que esta austeridade unilateral concentra os custos do ajustamento nos devedores, como se pode ver pelo aumento da divergência entre os países credores e os países devedores.  Num país, pode mudar de ministro, de governo ou de partido, mas isso não aumenta as exportações de uma economia deficitário, a única saída de uma crise de balança de pagamentos.

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O FMI continua a exercer as suas funções de apoiar o "processo de ajustamento em curso",  não pode ser criticado por isso.  Só que o estar a fazer mal, está aplicar uma receita errada, desajustada da realidade de economias pequenas, frágeis e quase totalmente desarmadas em termos de ferramentas de politica económica.  O FMI pode e deve ser criticado por não ajudar a encontrar soluções mais equilibradas que pudessem garantir o ajustamento de todos os desequilíbrios externos, de défices e de superavites, partilhando custos e reduzindo divergências entre países devedores e países credores.

Daqui a 50 anos, quando os sucessores de Kindleberger escreverem a história económica do Euro e da crise financeira da Eurozone, vai ficar claro que nem  FMI nem os outros reguladores financeiros souberam precaver os desequilíbrios e as suas consequências neste contexto rígido da Moeda Única, sem os tradicionais meios de ajustamento automático, e que as autoridades financeiras contribuíram para a tragédia de erros no que respeita à regulação de ManiasPanics, and Crashes do século XXI

Marina Abrantes de Sousa
PPP Lusofonia 


5 comentários:

  1. Hotel vouchers in lieu of interestquinta-feira, 18 junho, 2015

    Here is what debtor governments won't say:

    Tthe previous govts borrowed too much money, and there was too much corruption.
    Now you lenders won't get their money back. It's partly your fault for lending to us, grossly overestimating our ability to pay back.
    Just as we are angry with our people who borrowed too much with nothing productive to show for it, so should the creditor countries be angry with foolish lenders who lent too much.
    But don't expect new (greater fool) creditors to make it possible for us to pay you back.

    By the way, would you like some nice hotel vouchers in lieu of interest?

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  2. Acho que a Eurozone está quase ingovernável... com forças tão desequilibradas entre os países membros.
    Já que não queremos sair do euro, temos que tratar o Euro como moeda estrangeira, fora do nosso controlo, e gerir a BTC balança de transacções correntes ao tostão e não permitir a acumulação de dívida externa.

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  3. Steamrolling and demonizing Greece will not reduce the divergences within the Eurozone. It raises fears.

    A Greek default is inevitable and could be positive since it could lead creditors to negotiate. But but a forced exit from the Euro will exposes the fatal weaknessess in the architecture of the Euro as a Single Currency, given the lack of rebalancing and adjustment mechanisms.

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  4. Portugal não é a Grécia

    Mas a Eurozone é a Eurozone

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  5. The old narrative, whereby European integration brings peace and wealth, is history.

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