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sexta-feira, junho 29, 2012

Alemanha com carteira e livro de cheques na mão

Debt workout 101 - part 11 creditors don't want to know how to take writedowns and losses 

Afastada do Euro 2012  do futebol pela Itália, a Alemanha continua a dominar o outro campeonato, aquela que conta, o das exportações e do crédito externo. Sendo a principal credora da Eurozone, a Alemanha tem a a carteira e o livro de cheques na mão,e  tem força para impor as soluções que mais lhe convêm como principal credora, ignorando as propostas mais improvisadas ou mais elaboradas como o plano Rompuy-Barroso que arrancaria já com uma união bancária.

Um comentário incisivo, mas ingénuo,  no blog ft.alphaville.com dizia que "a Alemanha e os outros credores não sabem como fazer reestruturação e contencioso de crédito com perdas imediatas e recuperação a prazo:
   "...  Germany and the othercreditors have literally no idea how to do a debt rescheduling,   take   writedowns, and get repaid the remainder... "

Duvido!   De facto, os credores bilaterais sabem muito bem o que  lhes convém na gestão da crise de sobre-endividamento da Eurozone:  manter uma situação de no-default e evitar suspensão de pagamentos, a fim de conseguir recuperar os seus créditos mal parados ao par, graças aos desembolsos dos resgates multilaterais como o ESFS, o BCE e o FMI.    Quem tem experiência de debt workout sabe que os credores estão quase sempre na mó-de-cima, e que só se dispõem a renegociar os prazos de pagamento depois de esgotar todas as garantias reais e de terceiros  e de os devedores entrarem em default declarado.  Se os devedores sobre-endividados fossem sediados no mesmo país, também haveria lugar a resgate da parte do BCE? Porque é que os credores hão-de reconhecer perdas e prolongar prazos se os devedores continuam a ir buscar novos créditos para pagar os velhos? 

De facto, as reformas estruturais ainda mal começaram nos países deficitários.  Ainda falta "transpor" a Agenda 2010, que serviu de trampolim para a Alemanha, aumentar a idade de reforma para 67 anos, cortar o sector público, criar os mini-jobs, etc.  Mas as melhores reformas não  servem para inverter a balança comercial de imediato nem para reembolsar a dívida que vence daqui a um mês, e que precisava de ser reescalonada a 15 ou 20 anos.  

Mas as melhores reformas não vão ser suficientes sem reestruturação da dívida externa, com alargamento dos prazos.
Temos que decidir que herança vamos deixar para as próximas gerações?  Os melhores feriados e pontes, uma divida externa brutal, uns submarinos e uns BMWs usados, tudo fiado?  
Ou seguimos o exemplo do referendo da  Islândia, apertamos o cinto a sério, o nosso e o dos credores?

As alternativas têm que ser claramente expostas, para que os cidadãos possam controlar o seu destino.  Para além do défice orçamental e do défice externo, também sofremos um défice de democracia. 

Mariana Abrantes de Sousa 
PPP Lusofonia

2 comentários:

  1. With the new fiscal pact, "Italy will have to quickly reduce its overall debt by half, from 120 percent to 60 percent of GDP. It is a monumental task, but Italy will only be able to receive cheap money from the ESM once this task has been accomplished."

    I must be missing something here. How ever will Italy ever be able to reduce public debt "quickly" from 120% to 60% o GDP, with a persistent CAB current account deficit?
    Who's fooling whom?

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  2. Comment on Angela's vision in the Economist, 23JU12:
    NO, unfortunately it is not correct to say that the "answer ...is a commitment ...to bugdet discipline and strucutural reform" alone, which are necessary but not sufficient condtions for saving not only the Single Currency, but more importantly, the Single Market. More critically, we need a committment to external adjustments, and to reducing intra-Eurozone CAB imbalances, by all trading partners,by the net exporters as well as the net importers.

    WHAT, not who, must stand behind the Single Currency?
    Balanced intra-Eurozone CAB current balance-of-payment accounts.

    Further, we do need a banking union, not just to "backstop the banks", but to take over the function of prudential regulation which was so mismanaged by the net-creditor national central banks which allowed all that excessive cross-border "cheap credit" exposures to build up. Can't really blame the German banks though; they had to do something with all their "petrodollar"-type surplus deposits, and BASEL did say all European sovereign borrowers were risk-free.

    The current European credit crisis may APPEAR existential, because it does imply the end of the credit-fueled illusion, but it is fundamentally still JUST a trade and balance-of-payment crisis, aggravagted by "banking-by-numbers", (im)prudent "home rule" regulation, and now by procastination and loss-avoidance.

    YES, the structural reforms are essential, let's have Agenda 2010 for all. But the new fiscal treaty is based on another illusion, that overleveraged borrowers can reduce their external debt without sacrificing the overextended creditors. And THAT is why "the vision" is not believable.

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