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sexta-feira, julho 24, 2015

Credores imprudentes na parte maior do problema

Se queremos fazer o diagnóstico correcto, para poder desenhar e aplicar a solução correcta, temos que compreender que os credores imprudentes  fazem parte do problema, tanto ou mais do que os devedores incautos.  
O velho ditado popular, "quem não tem dinheiro não tem vícios" tem uma tradução precisa na análise macroeconómica, que é a questão da causalidade:  


  • Se é verdade que o défice externo é matematicamente igual ao défice interno, qual deles manda no outro? 
  • Isto é, considerando que  (S-I) = (X-M),  qual é a variável independente ?  
    • o défice externo (S-I) = f(X-M),  ou
    • o défice intrnto  (X-M) = f(S-I)

O FMI tem analisado os  tsu-moneys de capital volátil, que podem inundar um país, até ao momento do "sudden stop" focando correctamente as contas externas.  Mas depois a receita que aplica limita-se  quase exclusivamente ao controlo das contas internas, especialmente em contexto de câmbios fixos e liberdade de movimentos de capitais, como na Eurozone.  Quando o remédio não condiz com o diagnóstico, o doente dificilmente se cura.   

Esta pergunta  do nexo da causalidade é central e de suma importância, pois toda a arquitectura da Eurozone está baseada no controlo do défice interno (S-I), que por arrasto conduziria ao controlo do défice externo (X-M) que se reflecte na acumulação de divida externa insustentável.  

Este desenho da Eurozone está errado,  e as tentativas de resolver a crise da Europeia apenas pelo controlo dos défices internos estão condenadas ao fracasso e/ou à austeridade draconiana persistente.  

Resultado de imagem para tio patinhasComo se vê pela "prova em anexo", foi a divergência monumental que levou à crise de sobre-endividamento dos países devedores que, nem por acaso,  espelha a virtude (?) de credito excessivo dos países credores.  Os credores até ajudaram a mascarar dívida em alguns casos para emprestarem mais.  

Por isso,  devemos sim falar de credores e de devedores.  Devemos sim falar dos credores como parte do problema, se queremos que os credores passem a ser, também eles, uma parte importante da solução. 

Mariana Abrantes de Sousa 
PPP Lusofonia 

Provérbios financeiros http://ppplusofonia.blogspot.pt/2010/06/tudo-sobre-economia-e-financas-nos.html

Divergence http://ppplusofonia.blogspot.pt/search/label/Divergence

Credor como problema http://www.publico.pt/mundo/noticia/a-alemanha-como-problema-1702803?page=-1 

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