Comissão de avaliação chumbou adjudicações para o Centro e Pinhal Interior
Auto-estradas 57 por cento mais caras do que as propostas iniciais
11.08.2009 - 08h40 PÚBLICO
No conjunto das seis concessões de auto-estradas que já foram adjudicadas, a diferença entre a proposta inicial e a final, que sucede à fase de negociações dos concursos, é em média de 57 por cento, apesar de todos os cadernos de encargos referirem que os valores finais não podem resultar em condições menos vantajosas para o concedente Estradas de Portugal, noticia hoje o Jornal de Negócios.
Em causa estão as concessões Transmontana, Douro Interior, Baixo Alentejo, Baixo Tejo, Litoral Oeste e Algarve Litoral.
Entretanto, a comissão de avaliação chumbou as adjudicações da Auto-Estrada do Centro e da Auto-Estrada do Pinhal Interior, sendo estes os dois únicos casos em que os concursos ficaram suspensos com a justificação da disparidade entre as propostas iniciais e as propostas finais.
Nas seis concessões que já tinham sido adjudicadas, a do Baixo Tejo é aquela em que a distância entre a proposta inicial e a que resultou da fase de negociação é maior, chegando aos 167,8 por cento: o agrupamento liderado pela Brisa acabou por contratualizar a concessão por um valor de 309 milhões de euros, quando a proposta inicial apontava para um esforço financeiro líquido para a Estradas de Portugal de 115 milhões de euros.
O argumento invocado para que estas seis adjudicações tenham sido feitas foi a crise financeira, que levou ao aumento dos custos com os empréstimos desde o lançamento dos concursos, entre finais de 2007 e inícios de 2008, e as respectivas adjudicações entre o final de 2008 e o primeiro semestre de 2009.
No entanto, desta vez a comissão de avaliação do concurso para a Auto-Estrada do Centro considerou "ilegal" a adjudicação dessa concessão ao consórcio liderado pela Mota-Engil, com base numa diferença de 120 por cento entre a proposta apresentada na primeira fase do concurso e a fase de negociações. O relatório final ainda é desconhecido, mas tudo aponta para a anulação do concurso, indica o jornal.
Quanto à concessão do Pinhal Interior, houve um agravamento de 59,6 por cento na proposta da Mota-Engil, classificada em primeiro lugar, e a Estradas de Portugal quer abrir uma nova fase de negociações com propostas financeiras mais baixas.
A Caixa Geral de Depósitos financiou as seis concessões já adjudicadas.
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1395577
Publicado 11 Agosto 2009 11:29
Opinião Helena Garrido, Helenagarrido@negocios.pt
O betão da nossa saloiice
A comissão de avaliação chumbou a adjudicação de duas auto-estradas argumentando que violavam as regras do concurso porque o preço final das propostas é superior ao inicial. Nada disto seria estranho se todas as outras seis concessões não tivessem...
A comissão de avaliação chumbou a adjudicação de duas auto-estradas argumentando que violavam as regras do concurso porque o preço final das propostas é superior ao inicial. Nada disto seria estranho se todas as outras seis concessões não tivessem sido adjudicadas por um montante superior ao inicial. Tanto rigor agora e tão pouco no passado recente.
Para ser consequente, a decisão agora tomada deveria conduzir à anulação de todas as outras seis adjudicações. Se é ilegal concessionar a construção de uma estrada acima da proposta inicial nestas duas estradas, então também se cometeram ilegalidades nas outras seis.
Coincidência ou não, o rigor recaiu sobre a construção de duas auto-estradas, a do Centro e a do Pinhal Interior, que completavam aquilo que o PSD acusou ser a terceira via rápida entre Lisboa e Porto chamando-lhe "a auto--estrada rosa".
Para os social-democratas é uma vitória política. Para os contribuintes, mais importante ainda, é mais uma prova de que as escolhas dos investimentos são determinadas por critérios partidários e eleitoralistas. Que, com o endividamento nosso e global, vamos pagar caro.
Aquelas duas auto-estradas, como todas as outras, eram, até há pouco tempo, pela defesa que o Governo delas fazia, determinantes para o desenvolvimento do País e para a interpretação de igualdade que passou a fazer parte dos discursos. A desigualdade em Portugal passou a ser também medida por ter ou não ter uma auto-estrada à porta. Como se não existissem outras estradas, mais ajustadas ao tráfego, mais baratas, igualmente seguras e menos agressivas para o ambiente.
O caso do "chumbo" das auto-estradas do Centro e do Pinhal Interior é a imagem de várias doenças graves que minam a democracia e o desenvolvimento do País.
As comissões de avaliação são técnicas - essa é a justificação da sua existência, proteger a decisão dos interesses partidários. A repentina descoberta de ilegalidades - ou a violação da lei nas anteriores concessões - parece revelar que de técnicas têm muito pouco.
Como somos um Estado de Direito, do Governo esperar-se-ia que responsabilizasse quem deu parecer favorável à adjudicação das outras concessões, todas acima da proposta inicial. E que as anulasse. É claro que nada disso vai acon-tecer. Porque é muito caro voltar atrás, costuma ser o argumento.
A mania do betão é outra imagem que se confirma com esta história. Depois de termos visto António Guterres ceder ao betão, após críticas aos governos de Cavaco Silva, voltamos ao mesmo sem que ninguém já se preocupe em elevar a batalha contra o betão em bandeira política.
Converge para a promoção do betão a grande pressão das construtoras - secularmente fortes em Portugal - com uma sociedade ainda muito provinciana e deslumbrada com auto-estradas, terminais de cruzeiro, rotundas e centros culturais e comerciais "que se vejam". "O maior" é sempre mais ouvido que "o melhor". Enquanto assim for, todos os partidos que cheguem ao poder vão ceder ao betão. Assim garantem o melhor dos mundos: dinheiro e votos. Ainda que à custa dos filhos e netos. Mas isso logo se vê.
O betão com que enchemos o País é um indicador do nosso subdesenvolvimento, a imagem da nossa saloiice. Só quando castigarmos os partidos que nos enchem de betão poderemos dizer que somos desenvolvidos.
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=382028
Estradas de Portugal chumba concessão pela primeira vez
Publicado http://www.ionline.pt/ em 06 de Julho de 2009
Relatório da Auto- -Estradas do Centro recomenda a não adjudicação.
Governo remete para a empresa
O relatório da comissão de avaliação do concurso da Auto-Estradas do Centro recomenda a não adjudicação da concessão à melhor proposta, apresentada pelo consórcio da Mota-Engil.O teor deste relatório, divulgado pela TVI e confirmado pelo i, deixa pouca margem de manobra ao governo para avançar com a adjudicação da concessão que já era contestada pela Oposição, por fazer parte da chamada terceira ligação por auto--estrada entre Lisboa e Porto. Nas 10 concessões lançadas pelo actual executivo é a primeira vez que há uma recomendação negativa da comissão de avaliação que é composta por quadros da Estradas de Portugal (EP). Caso a adjudicação avance nestas condições, está aberto o caminho para a impugnação do concurso, mas acima de tudo para mais uma tempestade política no período pré-eleitoral, já que esta é uma das obras contestadas pelo PSD.
Contactado pelo i, o secretário de Estado das Obras Públicas diz que a decisão de adjudicar pertence ao conselho de administração da EP. Paulo Campos assegura que o governo ainda não recebeu o relatório oficial da EP. O documento irá ainda para os candidatos para audiência prévia, mas estes já não podem mudar as propostas e as conclusões estão fechadas. A consequência natural seria a decisão de não adjudicar e o lançamento de um novo concurso. Mas isso arrastaria o processo para depois das legislativas, e o governo tem mostrado vontade de decidir as duas concessões já lançadas, esta e o Pinhal Interior, cujas propostas finais estão em avaliação. Embora o relatório de avaliação seja uma peça essencial no processo decisório, a EP pode invocar outros factores, mas uma adjudicação agora será vista como uma decisão política.
Segundo o i apurou, já desde a semana passada que o governo conhece informalmente o teor do relatório. A recomendação de não adjudicação tem por base o preço oferecido pelo consórcio Mota--Engil na chamada BAFO (best and final offer), que foi mais do dobro da sua proposta inicial. Tal como o nome indica, a BAFO é a melhor proposta que o consórcio está disposto a fazer para ganhar o concurso, pelo que terá de ser mais favorável que a primeira oferta. Invocando a crise financeira, a Mota-Engil propôs 1,1 mil milhões de euros, mais do dobro dos 500 milhões de euros da proposta inicial. Mesmo tendo o preço mais favorável que o do seu concorrente, o consórcio da Edifer, e estando na banda de referência do concurso, o valor final contraria o caderno de encargos, porque é muito superior ao inicial.
Já se verificaram outros casos de aumento de preços na fase final dos concursos das auto- -estradas, devido à subida dos custos de financiamento, mas nunca desta dimensão.
Ana Suspiro
http://www.ionline.pt/conteudo/11900-estradas-portugal-chumba-concessao-pela-primeira-vez
PPP Lusofonia é um blog de economia e finanças, focado nos serviços públicos e no investimento para o desenvolvimento, e nas PPP. O blog dedica-se a (a) conceitos de economia, finanças e banca (b) às necessidades dos PALOPs e (c)oportunidades de consultoria nos PALOPs, com artigos em português ou inglês. PLEASE USE THE TRANSLATE BUTTON. PPPs, development financing in Lusophone Countries Autora: Mariana ABRANTES de Sousa
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quarta-feira, agosto 12, 2009
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Subconcessões das novas auto-estradas estão a ser alvo de fiscalização prévia no Tribunal de Contas
ResponderEliminar12.08.2009 - 07h35
Por Luísa Pinto
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1395724
O Tribunal de Contas (TC) ainda não deu luz verde a nenhuma das subconcessões que foram contratadas pela Estradas de Portugal. Os contratos estão a ser analisados em sede de fiscalização prévia, o que implica que não pode haver lugar a efeitos financeiros sem que o contrato obtenha um visto positivo pela instituição presidida por Guilherme D’Oliveira Martins.
Ou seja, não vai ser necessário esperar por nenhuma auditoria a estes contratos de concessão e às Parcerias Público-Privadas, que o TC entende acompanhar, inscrevendo essas auditorias no seu plano de actividades, para ser conhecido qual é o entendimento que tem o TC sobre a forma como estes contratos estão a ser montados.
A fiscalização prévia destes contratos decorre da jurisprudência do TC e do facto de as Estradas de Portugal terem como accionista único o Estado, e o seu endividamento consolidar no perímetro orçamental. O valor dos contratos em causa obriga à obtenção de um visto prévio, não podendo haver lugar a qualquer tipo de pagamentos e amortizações enquanto esse visto não for favorável. Se houver lugar a pagamentos, as entidades públicas incorrem em crimes de responsabilidade financeira.
As seis subconcessões que foram lançadas pela Estradas de Portugal têm, no entanto, a originalidade de prever que não há lugar a qualquer tipo de pagamentos ao concessionários durante os primeiros cinco anos de mandato. O caderno de encargos destas subconcessões tinham também outra particularidade, que era a de prever que não poderia haver lugar, na fase das negociações de propostas, a uma deterioração das condições avançadas na proposta inicial feita pelos concorrentes.
Mas, como revelou o Jornal de Negócios (JdN) na sua edição de ontem, todas as concessões rodoviárias que foram adjudicadas pela Estradas de Portugal viram as condições finais serem bastante piores do que as propostas iniciais que seleccionaram os concorrentes para passar para a fase das negociações. Segundo as contas do JdN, em média, as novas concessões rodoviárias foram adjudicadas 57 por cento acima dos valores iniciais, com a concessão do Baixo Tejo a manifestar um agravamento superior a 167 por cento.
Sem desmentir este facto, o Ministério das Obras Públicas não apresentou justificação para o sucedido e, num comunicado enviado ao fim da tarde às redacções, limitou-se a frisar que os custos de construção, operação e manutenção a 30 anos das seis concessões já contratadas – Auto-estrada Transmontana, Douro Interior, Baixo Tejo, Baixo Alentejo, Litoral Oeste e Algarve Litoral – “ são consideravelmente inferiores (cerca de 14 por cento) aos valores dos Estudos de Viabilidade Económica elaborados para cada concessão e que serviram de base ao seu lançamento”– menos 14 por cento. Já o Valor Actualizado líquido do esforço financeiro que vai ser pedido à concedente - isto é, as rendas que a Estradas de Portugal vão ter de pagar a partir de 2014 – permanece “equivalente ao previsto nos Estudos de Viabilidade Económica”. “A Análise Custo/Benefício destas seis concessões resulta num saldo positivo de cerca de 8 mil milhões de euros”, esclarece o Ministério em comunicado.
...Uma fonte ligada ao processo disse ao PÚBLICO que foi a alteração do modelo de tráfego previsto inicialmente pelo concorrente que levou ao agravamento da proposta. O concorrente modulou as previsões de tráfego, e fez estimativas de receita de portagens, tendo em conta a construção de uma travessia sobre o Tejo entre Algés e a Trafaria, e que ira adicionar tráfego à concessão. A decisão de construir Chelas-Barreiro – que foi decidida publicamente aquando da decisão do Novo aeroporto, veio alterar estes pressupostos de tráfego – pelo que a concessionária exigiu maiores pagamentos de rendas, para ser compensada da perda de receitas.
FONTE: Público
Bloco critica derrapagem financeira das novas auto-estradas
ResponderEliminar12-Ago-2009
As concessões das novas auto-estradas foram adjudicadas em média por valores 57% acima das propostas iniciais. Duas foram chumbadas pela comissão de avaliação dos concursos e o Bloco questiona a dualidade de critérios na análise das adjudicações.
A diferença de valores entre as propostas iniciais e finais chega a atingir os 639 milhões de euros (mais 119%) na Auto-Estrada do Centro entregue à Mota Engil e 194 milhões (mais 167%) no caso da AE do Baixo Tejo, a cargo da Brisa. A comissão de avaliação deu parecer negativo à adjudicação da AE Centro e do Pinhal Interior, justificando o chumbo com a diferença de preços, mas manteve outras adjudicações com diferenças superiores.
No requerimento entregue ao ministério das Obras Públicas, a deputada Helena Pinto lembra que "a crise financeira foi novamente o argumento utilizado para justificar tais variações, sendo o agravamento nas condições de crédito o álibi para o aumento dos custos globais do projecto". Mas contrapõe que "no entanto, o financiamento das novas concessões rodoviárias ficou a cargo da Caixa Geral de Depósitos".
A deputada bloquista não aceita os argumentos apresentados, considerando-os "flagrantemente prejudiciais para o erário público, até porque o próprio caderno de encargos referia “que o resultado das negociações não pode resultar em condições menos vantajosas para o concedente do que as inicialmente propostas”. Não foi isto que aconteceu nas seis propostas adjudicadas", afirma Helena Pinto.
FONTE: www.esquerda.net
http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=13117&Itemid=27
Publicado 05 Agosto 2009 00:01
ResponderEliminarEmpresas EP quer reabrir negociações para a Pinhal Interior
A Estradas de Portugal (EP) sugeriu aos quatro consórcios concorrentes à concessão Pinhal Interior que contestem a decisão de não adjudicação desta via, de forma a ser possível avançar para uma nova fase de apresentação de propostas finais, com condições financeiras mais baixas, que permita a adjudicação.
Maria João Babo
mbabo@negocios.pt
A Estradas de Portugal (EP) sugeriu aos quatro consórcios concorrentes à concessão Pinhal Interior que contestem a decisão de não adjudicação desta via, de forma a ser possível avançar para uma nova fase de apresentação de propostas finais, com condições financeiras mais baixas, que permita a adjudicação.
O Negócios sabe que a comissão de avaliação da Pinhal Interior, à semelhança do que tinha já acontecido com a Auto-Estradas do Centro, recomendou a não adjudicação desta concessão a nenhum dos concorrentes pelo facto dos valores propostos serem considerados demasiado elevados. E, inclusivamente, acima das propostas iniciais.
FONTE: Jornal de Negócios, 5-Agosto-09
Empresas http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=368052
ResponderEliminar15-Maio-2009
CGD financia mais três estradas e um hospital
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), através do seu banco de investimento, efectuou nos primeiros três meses do ano a estruturação de financiamento de projectos na ordem dos mil milhões de euros. Na apresentação de resultados do primeiro trimestre, o grupo destaca o seu envolvimento no financiamento de mais três subconcessões rodoviárias e de uma parceria público-privada da saúde.
Maria João Babo
mbabo@negocios.pt
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), através do seu banco de investimento, efectuou nos primeiros três meses do ano a estruturação de financiamento de projectos na ordem dos mil milhões de euros. Na apresentação de resultados do primeiro trimestre, o grupo destaca o seu envolvimento no financiamento de mais três subconcessões rodoviárias e de uma parceria público-privada da saúde.
Depois de ter participado no financiamento da Auto-Estrada Transmontana, adjudicada à Soares da Costa, e da concessão Douro Interior, ganha pela Mota-Engil, o Caixa BI apoiou entre Janeiro e Março os projectos das subconcessões do Baixo Tejo, do Baixo Alentejo e do Litoral Oeste. A concessão do Baixo Tejo foi ganha pelo agrupamento da Brisa, assim como o da Litoral Oeste. A do Baixo Alentejo foi adjudicada ao consórcio da Edifer e Dragados.
Governo já assinou garantias à EP para desbloquear estradas
O Ministério das Obras Públicas assinou esta semana a carta de conforto que visa dar garantias suplementares que desbloqueiem o financiamento para as novas estradas, nomeadamente as subconcessões da Transmontana e da Douro Interior.
Pedro Santos Guerreiro
psg@negocios.pt
O Ministério das Obras Públicas assinou esta semana a carta de conforto que visa dar garantias suplementares que desbloqueiem o financiamento para as novas estradas, nomeadamente as subconcessões da Transmontana e da Douro Interior.
Face à dificuldade de acesso a crédito motivado pela crise financeira global, os consórcios privados manifestaram dificuldades obter financiamento, o que já levou a um adiamento de quatro semanas do processo.
Jornal de Negócios, 2-Outubro-2008
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=333722