Obra e (des)graça do Espírito Santo
A crise no grupo e no banco Espírito Santo demonstra a fragilidade da recuperação económica e do atraso no ajustamento financeiro na Eurozone, que passam obrigatoriamente pela banca.
Pelos vistos, a crise no BES tem origem não só no problema geral de credito mal parado tardio que continua a bater recordes em Portugal, agora no 5º ano de grande recessão. Este problema generalizado foi provavelmente agravado pela governação desgovernada e escandalosa do grupo Espírito Santo. Torna-se evidente que administração cessante e o Banco de Portugal erraram ao prescindir do apoio do Estado em tempos, aparentemente para evitar as condições de contenção e transparência que foram impostas aos outros bancos.
Provavelmente, se tivesse havido intervenção do Estado no BES em momento oportuno, ter-se-ia evitado os erros de gestão subsequentes que se manifestam agora, como os conflitos de interesse e os créditos cruzados com pouca lógica de negócio.
Uma vez que parte do financiamento da Troika reservado à recapitalização da banca ainda continua disponível , €6.4bn até Outubro de 2014, desta vez o Estado deveria colocar a defesa do sistema bancário nacional acima dos interesses dos accionistas e dos gestores responsáveis pela má gestão. A intervenção do supervisor bancário deveria ser rápida e limpa, assegurando a recapitalização do Banco Espírito Santo, a protecção dos depositantes, o saneamento da carteira e bom controlo dos processos de concessão de crédito e de gestão de riscos.
VER o video do Conselho Consultivo, ETV http://videos.sapo.pt/ZGzSDiBmZwyr4wbJvP7G
Desafios de Presidente Juncker - Menos desigual ou menos Europa
O caso Espírito Santo demonstra também que o que ainda falta fazer na União Europeia, nomeadamente inverter a divergência entre países credores e devedores, numa Europa cada vez mais desigual. Convém recordar que a crise da Eurozone teve origem na banca, pois foi a banca internacional que financiou boa parte dos défices orçamentais e do sobre endividamento que nos assola. Recordemos também a limitada eficácia das medidas de austeridade aplicadas aos devedores como solução assimétrica dos desequilíbrios crescentes. Considerando a ausência dos instrumentos de ajustamento tradicionais, a Europa estará provavelmente ainda mais desigual daqui a 5 anos.
Quanto mais desigual a Europa, menos nos restará do sonho Europeu de um União pacifica e próspera. A ameaça de saída do Reino Unido será o menor dos nossos problemas se a divergência económica, e portanto política, continuar a aumentar.
Há condições que são essenciais mas não suficientes para garantir o "sonho de uma união europeia".
- A aplicação de regra de ouro de disciplina financeira, sobretudo nos países devedores
- A união bancária, com uma centralização da supervisão bancária que continua a falhar, como se vê pelo caso actual
A condição essencial. e talvez suficiente, para uma Europa melhor e mais convergente passaria por promover o reequilibro de comércio intra-Eurozone, concedendo algumas preferências a bens e serviços provenientes dos parceiros comerciais mais frágeis e mais deficitários, com se faz com países emergentes. Neste contexto, o potencial Acordo de Comércio Livre com os Estados Unidos, representa uma nova ameaça para os pequenos países europeus. Como em quase todos os episódios de liberalização comercial e integração económica, os ganhos serão provavelmente capturados pelos países maiores e mais fortes, enquanto os países mais pequenos e mais fracos sofrem ainda mais de des-economias de escala.
É uma ilusão pensar que as pequenas empresas portuguesas conseguem competir com as empresas alemãs, holandesas e francesas cada vez mais fortes. Outra ilusão ainda mais perigosa é promover o corte de salários nos países mais pobres quando qualquer aluno de MBA aprende que a competitividade passa cada vez menos pelo preço e cada vez mais pela qualidade, pelo branding e marketing, e pela integração das cadeias de valor e de fornecimentos em nichos cada vez mais estreitos e temporários.
O Presidente Juncker vai precisar de todas as suas qualidades de conciliador e negociador para recolocar a Europa no caminho do reequilibro, em defesa do sonho Europeu que todos partilhamos.
Mariana ABRANTES de Sousa
PPP Lusofonia
Ver mais sobre preferencias comerciais em http://ec.europa.eu/trade/policy/countries-and-regions/development/generalised-scheme-of-preferences/
A crise no grupo e no banco Espírito Santo demonstra a fragilidade da recuperação económica e do atraso no ajustamento financeiro na Eurozone, que passam obrigatoriamente pela banca.
Pelos vistos, a crise no BES tem origem não só no problema geral de credito mal parado tardio que continua a bater recordes em Portugal, agora no 5º ano de grande recessão. Este problema generalizado foi provavelmente agravado pela governação desgovernada e escandalosa do grupo Espírito Santo. Torna-se evidente que administração cessante e o Banco de Portugal erraram ao prescindir do apoio do Estado em tempos, aparentemente para evitar as condições de contenção e transparência que foram impostas aos outros bancos.
Provavelmente, se tivesse havido intervenção do Estado no BES em momento oportuno, ter-se-ia evitado os erros de gestão subsequentes que se manifestam agora, como os conflitos de interesse e os créditos cruzados com pouca lógica de negócio.
Uma vez que parte do financiamento da Troika reservado à recapitalização da banca ainda continua disponível , €6.4bn até Outubro de 2014, desta vez o Estado deveria colocar a defesa do sistema bancário nacional acima dos interesses dos accionistas e dos gestores responsáveis pela má gestão. A intervenção do supervisor bancário deveria ser rápida e limpa, assegurando a recapitalização do Banco Espírito Santo, a protecção dos depositantes, o saneamento da carteira e bom controlo dos processos de concessão de crédito e de gestão de riscos.
VER o video do Conselho Consultivo, ETV http://videos.sapo.pt/ZGzSDiBmZwyr4wbJvP7G
Desafios de Presidente Juncker - Menos desigual ou menos Europa
O caso Espírito Santo demonstra também que o que ainda falta fazer na União Europeia, nomeadamente inverter a divergência entre países credores e devedores, numa Europa cada vez mais desigual. Convém recordar que a crise da Eurozone teve origem na banca, pois foi a banca internacional que financiou boa parte dos défices orçamentais e do sobre endividamento que nos assola. Recordemos também a limitada eficácia das medidas de austeridade aplicadas aos devedores como solução assimétrica dos desequilíbrios crescentes. Considerando a ausência dos instrumentos de ajustamento tradicionais, a Europa estará provavelmente ainda mais desigual daqui a 5 anos.
Quanto mais desigual a Europa, menos nos restará do sonho Europeu de um União pacifica e próspera. A ameaça de saída do Reino Unido será o menor dos nossos problemas se a divergência económica, e portanto política, continuar a aumentar.
Há condições que são essenciais mas não suficientes para garantir o "sonho de uma união europeia".
- A aplicação de regra de ouro de disciplina financeira, sobretudo nos países devedores
- A união bancária, com uma centralização da supervisão bancária que continua a falhar, como se vê pelo caso actual
A condição essencial. e talvez suficiente, para uma Europa melhor e mais convergente passaria por promover o reequilibro de comércio intra-Eurozone, concedendo algumas preferências a bens e serviços provenientes dos parceiros comerciais mais frágeis e mais deficitários, com se faz com países emergentes. Neste contexto, o potencial Acordo de Comércio Livre com os Estados Unidos, representa uma nova ameaça para os pequenos países europeus. Como em quase todos os episódios de liberalização comercial e integração económica, os ganhos serão provavelmente capturados pelos países maiores e mais fortes, enquanto os países mais pequenos e mais fracos sofrem ainda mais de des-economias de escala.
É uma ilusão pensar que as pequenas empresas portuguesas conseguem competir com as empresas alemãs, holandesas e francesas cada vez mais fortes. Outra ilusão ainda mais perigosa é promover o corte de salários nos países mais pobres quando qualquer aluno de MBA aprende que a competitividade passa cada vez menos pelo preço e cada vez mais pela qualidade, pelo branding e marketing, e pela integração das cadeias de valor e de fornecimentos em nichos cada vez mais estreitos e temporários.
O Presidente Juncker vai precisar de todas as suas qualidades de conciliador e negociador para recolocar a Europa no caminho do reequilibro, em defesa do sonho Europeu que todos partilhamos.
Mariana ABRANTES de Sousa
PPP Lusofonia
Ver mais sobre preferencias comerciais em http://ec.europa.eu/trade/policy/countries-and-regions/development/generalised-scheme-of-preferences/
It's difficult to ,justify investing in more capacity when you can't sell your product, when markets are blocked by economies of scale or by the EURO being too strong.
ResponderEliminarProducers from smaller debtor countries need trade preferences if they are ever to generate the export surpluses needed to pay off their debt.
seehttp://ec.europa.eu/trade/policy/countries-and-regions/development/generalised-scheme-of-preferences/
A última vez que o supervisor deixou o Banco Espírito Santo resolver os seus problemas sozinho, deu no que deu.
ResponderEliminarIt's the trade balance ....
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