Todos os trabalhadores têm o direito de fazer greve em Portugal, exceto os militares, forças de segurança, juízes e deputados, em termos legais.
Na prática, grande parte das greves ocorrem nos serviços públicos como os transportes coletivos, com as greves marcadas para coincidirem com picos da procura para provocar maior impacto, quer no patronato quer nos utentes.
Veja-se as notícias de greves nos transportes ferroviários e aéreos pela Europa fora este Natal de 2022. Porquê esta coincidência?
Em termos económicos, os serviços públicos operam em regime de (quase)monopólio. Assim os trabalhadores descontentes não conseguem facilmente encontrar novos empregadores, nem os utentes encontrar outros prestadores de serviços.O custo das desrupções são suportados por todo o resto economia, e também com os contribuintes que no caso de operadores públicos deficitários e mal tutelados.
Ser gestor numa empresa pública portuguesa deficitária com uma TUTELA mole até pode ser lucrativo.
Sim, uma empresa deficitária até pode ser "capturada" pelos fornecedores, os empreiteiros, os prestadores de serviços, os empregados, com exigência onerosas. Afinal, os Contribuintes Pagam Tudo, tampam buracos e recapitalizam a empresa deficitária todas as vezes que for necessário.
O/A gestor(a) público(a) de uma empresa deficitária pode receber "um prémio de risco" no salário para aguentar a queixas do utentes/clientes. E nem sequer necessita de mostrar trabalho, de apresentar lucros, nem sequer de reduzir o défice.
Segundo Miguel Sousa Tavares, os sindicatos também sabem aproveitar bem a situação:
"A CP esteve em greve a 23, 25 e 26 de Dezembro se 2022, uma greve cirurgicamente marcada para impedir que todos aqueles que queriam viajar de comboio na época do Natal (e muitos seriam) o não pudessem fazer...Mas justamente por saberem que é maior a procura nesta época ou quando há feriados é que os inúmeros sindicatos da CP já têm nova greve marcada para 1 de Janeiro e neste ano de 2022 tiverem greves em 22 e 24 de Junho, 10, 12, 13 e 16 de Julho, 15 de Agosto, 15 e 30 de Setembro, 5 de Outubro e 30 de Novembro — sempre em cima de feriados, com o duplo objectivo de causarem o maior dano possível aos utentes e o maior prejuízo financeiro à empresa.
Se o(a) Gestor(a) não aguentar tantas pressões, pede que seja demitida pela Tutela amiga, quando mais cedo melhor, para otimizar a sua passagem ...
Quanto aos passageiros ... que esperem sentados...e vão fazendo poupanças para pagar mais impostos, para tapar mais buracos no SEE, Sector Empresarial do Estado, empresarial mas pouco.
Mariana Abrantes de Sousa,
Economista e ex-Controladora Financeira.
https://expresso.pt/opiniao/2022-12-30-A-gozar-com-o-pagode-472ebbec