Dizemos que Portugal está à beira mar plantado, e o mesmo acontece com o resto da Lusofonia, onde os portugueses chegaram precisamente por mar. Por isso, era previsível que todos os países da Lusofonia aparecessem na lista dos países MAIS VULNERÁVEIS às Alterações Climáticas e à subida do mar.
Isto tornou-se evidente para mim em 2015 quando fiz um trabalho relativo ao GCF-Fundo Verde do Clima no Peru, seguido de várias conferencias em Portugal em 2016, para a CPLP, para a PWN, etc.Mas esta análise de riscos climáticos parece não ter chegado aos responsáveis governamentais.
Em 2008, o Ministro do Ambiente Nunes Correia, negacionista, ainda dizia que a culpa das cheias é das autarquias, A Associação Nacional de Municípios respondeu que essas acusações faziam "ricochete" no próprio Ministério. Certo, a culpa e a responsabilidade por estas calamidades climática chega bem para todos
Em Dezembro 2022, com cheias catastróficas em vários pontos do país o atual Ministro do Ambiente e Ação Climática Duarte Cordeiro ainda nem apareceu nas notícias. Estará estar fora de da capital à espera que "a tempestade passe".
Esta semana em que Lisboa sofre sucessivas inundações relâmpago (flash floods), finalmente ouvimos os novo PCML Carlos Moedas falar da necessidade de corrigir erros de ordenação do território ribeirinho e de precaver e adaptar para resistir ao agravamento de riscos climáticos com investimentos criteriosos na Adaptação.
Repito a proposta que fiz em 2015 numa sessão na Aula Magna (?), quando uma oradora académica propôs a criação de um Observatório Lusófono das Alterações Climáticas. Falando logo a seguir, eu recomendei que criássemos um Fundo Lusófono de Ação para as Alterações Climáticas, menos para estudar e mais para ajudar os países da Lusofonia a planear e financiar ações para PRECAVER e promover a ADAPTAÇÂO às Alterações Climáticas.
O Forum Energia e Clima já faz um trabalho importante na sensibilização e mobilização. Mas temos que passar rapidamente da Observação para a cooperação para a AÇÂO e ADAPTAÇÃO, o que passa pelo estudo, mas tem de ir muito mais além. E para ir mais LONGE, temos que ir JUNTOS. Não podemos ficar sós nesta tempestade, tão previsível no geral como imprevisível no específico, mas sempre potencialmente calamitosa.
Mariana Abrantes de Sousa
Economista e Consultora de Financiamento de Projetos
Beijoz, Carregal do Sal, 15-Dezembro-2022
Forum Energia e Clima https://www.energiaeclima.org/
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