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Paço de Belém, 29 de Janeiro de 1892
Meu caro Dias Ferreira,
Querendo eu, e toda a família real, ser os primeiros nos sacrifícios extraordinários que as circumstancias do thesouro impõem à nação, previno-o de que resolvemos ceder20 por cento da nossa dotação, emquanto durar a terrível e dolorosa crise, que actualmente atravessâmos.
Creia, Dias Ferreira, que em tudo e por tudo hei-de seguir a sorte da nação, à qual reputo essencialmente ligados os meus destinos e os da minha dynastia.
Creia, Dias Ferreira, que em tudo e por tudo hei-de seguir a sorte da nação, à qual reputo essencialmente ligados os meus destinos e os da minha dynastia.
Seu affeiçoado,
EL-REI (D. Carlos de Portugal)
EL-REI (D. Carlos de Portugal)
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"virtudes de nobreza rara" como esta postura de El Rei D. Carlos face à crise financeira de 1892.
Em 1892, o país sofreu um bancarrota parcial no seguimento da implantação da República no Brasil em 1889.
O que deveria merecer bastante reflexão, é que, passados 120 anos, um regicídio, várias revoluções, numerosos governos mais ou menos democráticos, e incontáveis Ministros das Finanças, Portugal se volte a encontrar na condição lamentável de pedir novos empréstimos para pagar juros sobre a dívida antiga e para financiar o défice comercial, incluindo os 60% dos alimentos que consumimos.
Nobre atitude de um nobre Rei.
ResponderEliminarAqui, pela "terra nova", me pergunto se nosso ex-ministro da casa civil, Palocci, vai declinar aos 4 salários de R$ 26.000 que receberá no período de quarentena, prevista aos que por "qualquer motivo" se desligam do cargo.
O Zé Povinho, e seu célebre gesto,o manguito, foi criado por Bordalo Pinheiro reflectindo a reacção popular ao problema do sobre-endividamento.
ResponderEliminarPPM Cavaco Silva saberá seguir o exemplo de D. Carlos?
ResponderEliminarhttp://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/ppm-espera-arrependimento-publico-de-cavaco-silva_1530299
Hoje na conferência dos Conselho das Finanças Públicas, o conferencista sueco disse era necessário manter viva a memória das crises financeiras para vacinarmos as novas gerações contra a desgovernação financeira.
ResponderEliminarMas parece que a vacina ainda não pegou.
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ResponderEliminarVítor Gaspar culpa o bisavô de Manuela Ferreira Leite de ter sido o primeiro a atirar o País para a bancarrota no ano de 1892. O antigo ministro, que falava no Fórum das Políticas Públicas, no ISCTE, à frente da própria Ferreira Leite, afirmou que o incumprimento soberano do País começou com o antepassado da ex-ministra que foi presidente do Conselho de Ministros de 1892 a 1893 porque "Dias Ferreira rejeitou o convénio com os credores proposto". "A resposta de Dias Ferreira foi que não se devia pagar."
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