O Governo acaba de anunciar a redução de portagens em sete autoestradas (ex-SCUT) e já há contestação da parte dos residentes do Interior que reclamam a eliminação definitiva.
VER https://www.reconquista.pt/articles/portagens-plataforma-chumba-proposta-para-reducao-de-precos
VER https://www.reconquista.pt/articles/portagens-plataforma-chumba-proposta-para-reducao-de-precos
As ex-SCUT são autoestradas sobretudo "horizontais" que ligam o litoral ao interior do país, cada vez mais despovoado. Por isso foram desenhadas Sem Cobrança ao Utilizador (SCUT), pois já se sabia que o volume de tráfego não resistiria ao preço (high price elasticity). Outra autoestrada "horizontal", a concessão Norte (que liga o litoral com o interior montanhoso de Portugal, até próximo da fronteira com Espanha, ao longo de 179Km de paisagens magníficas) foi desenhada com portagens desde o inicio e o tráfego de 2010 estava apenas a 46% do previsto no cenário base.
Com a introdução de portagens e a recessão, tivemos o pior dos resultados nestas estradas. Pior de que uma estrada desnecessária, mesmo só uma estrada (quase) vazia, sem utilizadores, sem receita de portagens, sem receita do ISP - Imposto sobre Produtos Petrolíferos. Acaba por sobrar sempre mais fatura para os contribuintes.
Sempre se soube que as portagens
provocam DESVIO ou quebras de tráfego. Quando o Governo decidiu introduzir portagens nas SCUT, o provável desvio de tráfego foi considerado mas menosprezado, estimado quando muito em 15%. A realidade revelou-se muito pior.
As
portagens foram introduzidas em autoestradas SCUT em momentos diferentes em
2010 e 2011. Em
contraste, a crise económica terá afetado todas as estradas em simultâneo.
Os dados parciais de tráfego de 2012 nesta imagem mostram uma quebra média de 39% nas estradas
com portagens recentes,
introduzidas em Dezembro 2011. A descida de tráfego nas estradas com portagens mais
antigas era de apenas cerca de 7-10%. Isto sugere que a introdução de portagens terá causado desvio de tráfego de cerca de 30%, com todo o risco de tráfego passado para o lado do Concedente.
Por consequência, a receita de portagens nas ex-SCUT depois das renegociações de 2010 terá ficado muito abaixo do
previsto pelo Concedente. Como a receita de portagens iria compensar parcialmente o Concedente pelo pagamento à concessionária pela "disponibilidade da estrada", a maior quebra de tráfego agravou o esforço financeiro liquido e o impacto orçamental. Afinal o contribuinte paga tudo.
Mariana Abrantes de Sousa
Economista e Especialista PPP
( I repeat the challenge I have often made to the students in my Nova SBE Project Finance course since 2012 to study and publish analyses of the price-elasticity and income elasticity of traffic volumes using Portugal as laboratory.)
( I repeat the challenge I have often made to the students in my Nova SBE Project Finance course since 2012 to study and publish analyses of the price-elasticity and income elasticity of traffic volumes using Portugal as laboratory.)