Muitos
parabéns pela organização do Forum Energia e Clima e da Conferencia do Dia da
Terra 2020 de ontem.
Aprendi
imenso, especialmente acerca da Economia Circular, e foi um prazer poder
contribuir para a compreensão de um desafio mundial a partir da minha pequena aldeia na Beira
Alta e ouvir participantes de toda a Lusofonia.
Na
minha experiência, a influência dos financiadores na sustentabilidade ambiental
é relativamente modesta, apesar dos movimentos como os Equator Principles
facultativos, as novas normas obrigatórias para a concessão de crédito
implementadas por bancos centrais para os bancos comerciais que supervisionam e
os critérios ESG (Environmental Social and Governance) implementados pelos MDBs
Multilateral Development Banks como o Banco Mundial, IFC, BEI, BAD etc para os
seus financiamentos.
Na
minha opinião, o mais importante seria mesmo obrigar o encerramento de centrais
térmicas onde não são essenciais e limitar a cilindrada e as emissões de GEE
Gases com Efeito Estufa per capita nos países desenvolvidos, onde a mitigação
devia ser obrigatória. Tributar a poluição e os tratamento de resíduos do nosso
consumo seria uma forma importante de mitigar as emissões e incorporar o custo da poluição no preço a
pagar pelo consumidor-poluidor, que está sobretudo nos países mais ricos.
Se
o custo de tratamento de resíduos poluentes parece muito elevado, devemos
comparar com o custo económico e social das doenças e outros danos causados
pela poluição e pelas “epidemias”, incluindo aquelas de doenças não infecciosas como
o cancro.
As
atuais proibições de financiar novas centrais térmicas prejudica bastante os
países mais pobres, alguns dos quais até têm acesso a depósitos de combustível
fóssil e taxas de electrificação de cerca de 50% ou menos.
Seria
muito importante assegurar que o combate às alterações climáticas, à Covid e
outros grandes RISCOS planetários não aumente as disparidades entre países e entre
populações ricas e pobres, aumentando a divergência de fortunas e os riscos de
conflitos.
Apoiar
os países mais vulneráveis implica aumentar bastante mais os investimentos na adaptação
às alterações climáticas e na proteção de populações vulneráveis, sobretudo em
WASH, água, saneamento, resíduos e higiene/saúde, e energia renovável barata e acessível.
Podíamos
começar por TREINAR mais electricistas e canalizadores nos locais mais carentes.
Mariana Abrantes de Sousa
Economista e Consultora Financeira