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terça-feira, janeiro 30, 2018

Portugal de braços abertos a turistas e pensionistas

De acordo com o Eurostat, os estabelecimentos hoteleiros em Portugal acolheram cerca de 71,3 milhões de dormidas em 2017, que se traduz  num aumento de 8,0% face ao período homólogo. Os não residentes continuam a ser responsáveis pela maioria das dormidas (48,3 milhões, 68% do total) e superam as taxas de crescimento homólogas das dormidas dos residentes.
 Face ao ano anterior de 2016, os maiores aumentos do número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros em países da União Europeia verificaram-se na Letónia (12,0%), Eslovénia (11,3%), Croácia (10,6%), Portugal (8,0%) e República Checa (7,7%).

Portugal está na moda, para turistas, visitantes, e não só. 

A qualidade de vida atrai também "snow-birds", pensionistas do norte que gostam de aproveitar o bom clima e o bom ambiente como residentes em Portugal.  

Com estes novos residentes já não estão no ativo, pagam poucos impostos em Portugal. Sendo mais idosos, podem ter maiores necessidades de cuidados de saúde, pelo que é essencial que tragam o seu próprio seguro de saúde para não sobrecarregarem as finanças públicas e os contribuintes residentes. 

VER BYOHI Bring your own health insurance 
http://ppplusofonia.blogspot.pt/2012/11/que-venham-os-pensionistas-com-seguro.html

quinta-feira, janeiro 25, 2018

Refletir sobre os novos desafios de gestão financeira

Hoje tive a grata oportunidade de ouvir especialistas falar de estratégias de investimento  e as mega-tendências de longo prazo numa conferência do banco BIG, mais uma vez premiado com o banco mais sólido do mercado português.  É bom parar para refletir sobre os bons conceitos fundamentais em face dos novos desafios de gestão financeira familiar e empresarial. 

Image result for BIG perspectivas de investimentoO passado recente foi risonho.  Gostei da analogia da conjuntura Goldilocks em 2017 de contexto geralmente favorável, da sopa nem quente demais nem fria demais, mas sim "just right".  Mas quem vai "cultivar os legumes e fazer a sopa" no futuro para os velhinhos de 100+ anos com o envelhecimento da população mundial ? 

Constituir poupanças é o primeiro passo essencial, especialmente para quem tem muito "equity-risk" na sua atividade principal e precisa de aplicar o seu pé-de-meia em instrumentos financeiros seguros.   Com taxas de juro nominais negativas, como é que se vai poupar  e gerir  as poupanças necessárias  para sustentar uma população cada vez mais dependente? 

Parece-me que há um desajuste entre a perceção atutal das autoridades monetárias e do mercado financeiro focados no curto prazo e a realidade demográfica de longo prazo.  Este "reality-perception gap" representa uma boa oportunidade de arbitragem, para quem conseguir acertar.   A distorção económica causada por manter taxas de juro nominais negativas meses e anos a fio cria uma  situação francamente assustadora em termos de sustentabilidade. 

A baixa taxa de poupança em contra-ciclo com taxa de dependência demográfica são mega-tendências insustentáveis e difíceis de inverter.  E que não se resolvem com supostas "inovações financeiras" como o "crédito na hora" nem o bitcoin, mas sim com menos consumo, mais poupança, e com melhor investimento com mais valor acrescentado. 

Sobre o bitcoin, podem ver o artigo que publiquei recentemente sobre as moedas digitais, que fazem lembrar o tempo em que cada banco criava o seu próprio papel-moeda que colapsava de tantos em tantos anos em sucessivas crises bancárias.   Quando houver um único emissor oficial de cripto-moedas, aí sim pode servir de meios de pagamento e de reserva de valor...para as parcas poupanças, se as houver. 

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Camões aberta candidaturas para projetos de cooperação, até 23-março

Foram abertas as candidaturas para apresentação de propostas de projetos de cooperação para o desenvolvimento de ONGD. O período para a entrega de propostas termina a 23 de março de 2018, sendo o montante global definido para o seu cofinanciamento de 1.850.000,00 euros.
As propostas de projeto devem ser apresentadas de acordo com os “Critérios de Elegibilidade” e demais regras em vigor, que se encontram disponíveis em:
Nos termos previstos nos “Critérios de Elegibilidade”, será de salientar a importância de parcerias de diversa natureza, designadamente entre ONGD de diferentes dimensões, e o facto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) integrarem o quadro de referência a tomar em consideração.
Fonte: http://www.instituto-camoes.pt/sobre/comunicacao/noticias/19033-projetos-de-cooperacao-para-o-desenvolvimento-de-ongd-2018 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, fez uma intervenção na sessão de abertura do Seminário Diplomático 2018, no dia 3 de janeiro, em Lisboa, onde apresentou as seis marcas de água da política externa portuguesa:

  • A participação ativa na construção europeia;
  • O elo transatlântico e a valorização do atlântico no seu todo;
  • O empenhamento na CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e a defesa do diálogo entre a Europa, África e as Américas;
  • A ligação às comunidades portuguesas, tirando partido da sua diversidade, da sua integração nas sociedades de acolhimento e nos laços profundos com Portugal;
  • A promoção da internacionalização da economia e da sociedade portuguesa;
  • A defesa do multilateralismo e o empenhamento nas agendas multilaterais, designadamente na diplomacia pela paz e dos Direitos Humanos, na agenda do desenvolvimento e na agenda das alterações climáticas.
Seminário Diplomático 2018
O Seminário Diplomático é uma iniciativa anual do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) que reúne membros do Governo – incluindo todos os secretários de Estado do MNE, que participam em reuniões e painéis temáticos - representantes da Administração Pública, das universidades, da comunidade empresarial e da AICEP e outros setores estratégicos com os embaixadores de Portugal para debater os principais temas de interesse para a política externa portuguesa. Na edição de 2018 participaram como oradores convidados o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, e o antigo Primeiro-Ministro italiano e actual reitor da Paris School of International Affairs, Enrico Letta, para além do Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques.
Fonte: https://www.copenhaga.embaixadaportugal.mne.pt/pt/a-embaixada/noticias/572-augusto-santos-silva-na-abertura-do-seminario-diplomatico-2018

sexta-feira, janeiro 19, 2018

Bolha e euforia do bitcoin segue modelo estudado por Kindleberger

Um corretor  brasileiro de bitcoin vem agora dizer que não há bolha no bitcoin, até investe algum (!?) dinheiro da sua família em cripto-moedas digitais. 
Aposto que esse corretor entusiasta e eufórico nunca leu um dos meus livros favoritos, que gosto de reler quase todos os anos, e que  já referi neste blog,  um  clássico de história económica:
Charles Kindleberger, 1978,  Manias, Panics and Crashes
Kindleberger foi professor de economia internacional em MIT e é considerado um dos grandes economistas pela elegância em que apresentava  conceitos económicos complexos de uma forma acessivel para o público em geral.
(ver obituário de 2003  http://www.economist.com/node/1923462

A bolha é definida como um fenómeno financeiro em que investidores especulativos
compram um ativo sabendo que o preço está muito acima de qualquer "valor fundamental", na expectativa de que os preços continuem a subir e a subir.

Kindleberger estudou vários eventos de bolhas e pânicos  financeiros, desde a bolha das tulipas no século XVII e identificou um modelo elegante em 5 fases:
  1. Displacement - Deslocamento de investimentos para um negócio novo, por vezes prometedor mas mal conhecido; os primeiros investidores que ganham bastante dinheiro.
  2. Boom - Expansão desenfreada do novo negócio, geralmente alimentada a crédito.
  3. Euforia  e bolha - Pequenos investidores procuram "apanhar a onda" do novo negócio sem analisar.  Primeiros investidores "profissionais" começam a retirar-se vendendo aos novos "investidores de retalho" no pico dos preços.  
  4. Crise -  Expansão revela-se excessiva, muito para além do potencial fundamental do novo negócio, debandada em pânico provoca perdas para quase todos os investidores.
  5. Revulsion - Revulsão e colapso dos preços para níveis abaixo do "valor fundamental subjacente", que pode depois tocar fundo estabilizar se o novo negócio trouxer mesmo valor acrescentado à economia. 
Fonte: https://www.pragcap.com/anatomy-of-bubbles-and-crashes/ 

Para além dos investidores inexperientes e incautos, tipo "maria vai com as outras" na fase atual da Euforia do bitcoin, o que está em causa na bolha do bitcom, é mesmo o "valor fundamental subjacente" das cripto-moedas como novo instrumento financeiro, como meio de pagamento, como reserva de valor, etc.    Será a nova moeda digital se vai tornar tão respeitado e omnipresente como o papel-moeda? 

Uma pista para a análise do "valor fundamental" do bitcoin é a referência frequente nos artigos cheios de entusiasmo à não-tributação dos rendimentos e dos valores aplicados em bitcoin.  Um negócio cujo valor depende da evasão fiscal é um desafio ao fisco de todos os países, assim convidados a fazer esvaziar a bolha com uma penada de legislação. 

Melhor esperar que o Uncle Sam e as outras autoridades tributárias e os reguladores financeiras comecem a tirar o seu quinhão dos negócios em bitcoin antes de aplicar qualquer parte da fortuna familiar na nova moeda-sem-papel

Mariana Abrantes de Sousa
Janeiro 2018

Ver também: http://ppplusofonia.blogspot.pt/2008/10/efficient-market-fallacy.html