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domingo, janeiro 12, 2014

Deixem-nos trabalhar

Na União Europeia em 2012,  62% dos  desempregados eram de longa duração (desempregados há mais de 6 meses).  Nos Estados Unidos da América , em Novembro de 2013, apenas  37,3% dos desempregados estavam desempregados há mais de 6 meses, mais ou menos o mesmo nível de 2000.  

Pior, a  redução da taxa de desemprego entre os desempregados de longa duração pode reflectir apenas o aumento de "trabalhadores desanimados" que acabam por deixar de procurar trabalho e tornam-se inactivos. Isto junto com a emigração levou a uma queda de 2% na população activa em Portugal na primeira metade de 2013.  

E mesmo quando voltam a trabalhar, os desocupados de longa duração acabam por sofrer uma maior penalização salarial.  

Portugal é um dos países europeus com mais desempregados de longa duração, sobretudo mulheres de baixas qualificações e mulheres jovens. O desemprego de longa duração continuou a aumentar na primeira metade de 2013, representado já mais de 60 % do total de desempregados. Adicionalmente, o desemprego de muito longa duração (superior a 25 meses) continuou a crescer a taxas elevadas, representando 35 % dos desempregados no primeiro semestre de 2013.
O maior obstáculo enfrentado pelo desempregados de longa duração pode ser mesmo a situação de desemprego,  um fenómeno  conhecido como "cicatriz" ou mácula,   onde a própria desocupação  persistente os impede de ser recontratados.  O próprio regime de subsidio de desemprego também promove a desocupação, sob pena de perder os rendimentos essenciais à sobrevivência. 

Um artigo do Boston Fed em 2012 descobriu que o aumento de empregos disponíveis reduziu a taxa de desemprego entre os desempregados há menos de seis meses.  Mas para  os trabalhadores sem trabalho mais de seis meses, a taxa de desemprego aumentou em simultâneo com o número de vagas.  

 Quando um dos autores do artigo enviou 4.800 candidaturas fictícias,  descobriram que os trabalhadores inexperientes  mas recém-desempregados eram muito mais procurados do que os trabalhadores experientes, mas desempregados de longa duração. 

É mais que sabido que a melhor forma de  arranjar um novo emprego é estar a trabalhar e ser "recrutado".  

O  desinteresse dos empregadores pelos "desempregados de longa duração" pode ter várias explicações: 
-  Desactualização:   Os trabalhadores desocupados vão perdendo a ligação com o mercado, podem ficar desactualizados quer em termos de capacidades quer em termos de redes de contactos profissionais.   Os trabalhadores experientes devem ter uma boa carteira de competências e de contactos comerciais, coisas que têm "prazos de validade".  Se querem ou necessitam mudar de ramo, têm que construir uma nova rede de contactos.  
- Perda de disciplina e hábitos de trabalho:  Os desempregados podem desinteressar-se pela sua profissão. entregar-se à ociosidade  e cair em depressão,
-  Dúvidas acrescidas:   Empregadores preferem trabalhadores produtivos e  bem sucedidos, que podem mostrar resultados recentes, e ficam de pé atrás com trabalhadores com CVs desactualizados e com muitas lacunas de tempo de trabalho 

Por isso, quem procura emprego tem que "mostrar trabalho" ,  recente, seja profissional, seja  voluntariado, ou mesmo a feijões. 
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Mariana ABRANTES de Sousa
PPP Lusofonia

1 comentário:

  1. 70,6 % dos portugueses que trabalham por conta própria não têm o ensino secundário completo, sendo que a média da Europa é de 24,3%.

    Dos portugueses que trabalham por conta de outrem, 50,4% não concluiu o 12.º ano

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