A apreciação de
estudos de tráfego é uma arte, não uma ciência, que geralmente fica a cargo dos
membros mais sénior dos comités de crédito dos bancos que se dedicam a financiar
projectos em regime de recurso limitado a terceiros. Quando os comités de crédito dos bancos
exigem mais garantias e apoios de terceiro, isso pode ser interpretado com um voto
de não-confiança nas previsões de tráfego.
Foi isso que aconteceu com a renegociação e prolongamento da concessão
do Terminal de Contentores de Alcântara, como se pode ver no quadro ao lado. Confrontados com uma extrapolação simplista e
irrealista, os bancos acabaram por exigir que o risco de tráfego, que tinha estava
substancialmente do lado do concessionário durante cerca de 20 anos, passasse
para o Concedente APL, portanto para o Estado.
Num país pequeno,
frágil e terminal, isto é com pouco tráfego em trânsito para outros países, o
maior risco no financiamento de projectos é o risco de “optimism bias”, de
previsões de tráfego que por serem não bancáveis acabem por onerar os
contribuintes.
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Por este motivo, os estudos de tráfego deveriam ser publicados previamente, para os contribuintes saberem o que é que poderão ter que vir a pagar.
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